Europeias. Discurso de Macron sobre futuro marcará entrada na campanha

O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentará na quinta-feira as prioridades da França para a agenda estratégica da União Europeia (UE) após as eleições europeias de junho, marcando a sua entrada na campanha eleitoral.

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© Christian Liewig - Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
24/04/2024 11:05 ‧ 24/04/2024 por Lusa

Mundo

Eleições europeias

"Vou dar uma ideia do que o país alcançou e para onde estamos a ir, especialmente nos próximos anos", disse o chefe de Estado francês numa conferência de imprensa no final do Conselho Europeu na quinta-feira passada, antecipando o discurso que fará na Universidade Sorbonne, em Paris.

Apesar de não terem sido fornecidos mais detalhes até ao momento, é esperado que Emmanuel Macron avalie as crises que o bloco europeu enfrentou nos últimos cinco anos e estabeleça futuras orientações para a Europa, num discurso semelhante ao que proferiu há sete anos no mesmo local.

"Emmanuel Macron é, com certeza, um verdadeiro presidente europeu", disse hoje a politóloga francesa Virginie Martin em declarações à Lusa, acrescentando que o Presidente francês quer uma Europa federal.

Embora, o principal objetivo deste discurso seja definir um rumo para a Europa depois das eleições europeias de 06 a 09 de junho, este marcará a entrada de Emmanuel Macron na campanha das eleições, que segundo a politóloga "vão ser muito más para Macron" porque este tipo de eleições intermédias não favorecem quem está no poder depois uma reeleição.

O discurso, apelidado de Sorbonne II pelos meios de comunicação franceses, surge numa altura em que o partido do Presidente (Renascimento, liderado por Valérie Hayer) está a ficar para trás nas sondagens, reunindo apenas 17% das intenções de voto dos franceses.

Na frente, com 30%, está o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) liderado por Jordan Bardella, e com o principal candidato dos socialistas, Raphaël Glucksmann, que reúne uma plataforma europeia de esquerda, numa trajetória ascendente, com 13% das intenções de voto e captando cada vez mais votos do antigo eleitorado de Macron.

"Penso que há muito medo e ansiedade no momento que estamos a viver e que esta raiva beneficia sempre as respostas mais simplistas", afirmou Macron referindo-se ao RN, acrescentando que "há hoje uma espécie de hipocrisia no debate".

Com a entrada na campanha eleitoral, Macron "pode vir dar algum dinamismo e confiança, o que é bom para a confiança da sua candidata, Valérie Hayer", disse Virginie Martin, que acredita que para a líder do partido Renascimento "é muito complicado ser a voz mais alta" e, por essa razão, "Macron precisa de entrar na campanha".

Na semana passada, o Presidente francês apareceu ao lado de Valérie Hayer na primeira aparição pública conjunta desde o início da campanha, mostrando o seu apoio à candidata.

"É uma boa altura para o Presidente entrar na campanha", defendeu Virginie Martin, sublinhando, contudo, que "é um pouco estranho" a escolha do dia do discurso por coincidir com a última sessão plenária do Parlamento Europeu antes das eleições europeias.

Também os eurodeputados criticaram a escolha da data por estarem em Estrasburgo para votar diversas medidas antes das eleições de junho.

"É lamentável que ninguém se tenha lembrado de lhe chamar a atenção [ao Presidente francês] para este facto, caso contrário teria certamente escolhido uma data melhor", escreveu Marie Toussaint, eurodeputada dos Verdes, na rede social X.

Em 26 de setembro de 2017, quatro meses após o início do seu primeiro mandato, Macron apresentou uma série de propostas para relançar o projeto europeu, incluindo a criação de uma defesa comum e estabelecendo uma "agenda de soberania", defendendo no seu discurso que a Europa era "demasiado fraca, demasiado lenta, demasiado ineficaz".

Passados sete anos, "a Europa funciona corretamente e está melhor do que antes, segundo Macron, mas na realidade não", afirmou a politóloga, acrescentando que embora a UE seja sinónimo de paz e proteção, atualmente enfrenta a guerra na Ucrânia, com a invasão russa em fevereiro de 2022 e, de certa forma, a situação atual do Médio Oriente, com o conflito entre Israel e Gaza.

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