Menor entrega-se 24h após agredir eurodeputado. O que diz a Europa?
O candidato ao Parlamento Europeu Matthias Ecke foi brutalmente agredido na sexta-feira à noite em Dresden, na Alemanha. Não é a primeira agressão a responsáveis políticos e Berlim apressou-se a condenar a agressão. Por cá houve quem reagisse - e também no 'coração' da Europa, com a líder europeia Roberta Metsola a expressar a sua "solidariedade" e a apontar que os responsáveis têm de ser levados à justiça.
© JENS SCHLUETER/AFP via Getty Images)
Mundo Alemanha
Num final de semana que ficou marcado em Portugal por agressões a vários imigrantes, no Porto, também a violência marcou o leste da Alemanha, onde, em Dresden, um eurodeputado do SPD foi atacado durante uma ação de campanha.
Tudo aconteceu na sexta-feira à noite, quando Matthias Ecke colocava cartazes no âmbito da sua campanha para as eleições europeias, que decorrem daqui a um mês. O homem, de 41 anos, foi atacado por quatro desconhecidos e ficou gravemente ferido, encontrando-se agora a "receber tratamento médico no hospital", após uma cirurgia.
A agressão levou o SPD do estado da Saxónia a reforçar as medidas de segurança impedindo que, a partir de agora, os seus membros levem a cabo ações de campanha sozinhos. Devem estar sempre em grupos de quatro ou cinco para poderem reagir a potenciais ataques. Para além disso, a polícia será informada antecipadamente sobre a colocação de cartazes.
Um dos agressores entregou-se este domingo. É menor
Já este domingo de manhã, a polícia alemã deu conta de que um adolescente, de 17 anos, se entregou às autoridades, referindo que era um dos autores do ataque violento.
"Admitiu o ato, mas não disse mais nada", explicou um porta-voz da polícia, detalhando que este contou que foi o "o autor do crime que tinha derrubado o político do SPD”.
Ataque foi condenado por toda a Europa (incluindo em Portugal)
Vários responsáveis políticos alemães, incluindo o chanceler, condenaram o violento ataque.
"A democracia está ameaçada por este tipo de atos", disse Olaf Scholz, numa mensagem em que desejou a Matthias Ecke, eurodeputado do seu partido, no poder, que "enfrente o que entrou na sua vida como um horror".
Achselzuckendes Hinnehmen ist niemals eine Option. Denn Angriffe, wie der auf den Europaabgeordneten Matthias Ecke und auf andere Kandidatinnen und Kandidaten, bedrohen unsere Demokratie.
— Bundeskanzler Olaf Scholz (@Bundeskanzler) May 4, 2024
Wir müssen gemeinsam dagegen stehen.
Ich wünsche Matthias Ecke schnelle Genesung.
Também a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, condenou a agressão, em comunicado citado pela imprensa. "A confirmar-se um atentado com motivações políticas a poucas semanas das eleições europeias, este grave ato de violência constitui também um grave atentado à democracia", lê-se na nota, na qual é também considerado que esta é "uma nova dimensão de violência antidemocrática". Faeser aponta ainda o dedo aos "os extremistas e os populistas, que estão a alimentar um clima crescente de violência com ataques verbais totalmente desproporcionados".
Os líderes do SPD na Saxónia, Henning Homann e Kathrin Michel, também reagiram: "As sementes lançadas pelo AfD e por outros extremistas de direita estão a germinar. Os seus apoiantes estão agora totalmente desinibidos e consideram-nos claramente democratas como um jogo", escrevem.
Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, recorreu às redes sociais para falar sobre o assunto. "Estou horrorizada com o ataque cruel contra o eurodeputado Matthias Ecke, em Dresden. Deixo o meu total apoio e solidariedade. Os responsáveis devem ser levados à justiça", escreveu na rede social X (antigo Twitter).
Entsetzt über den bösartigen Angriff auf den Europaabgeordneten @MattEcke in Dresden. Meine volle Unterstützung und Solidarität. Die Verantwortlichen müssen vor Gericht gestellt werden.
— Roberta Metsola (@EP_President) May 4, 2024
Matthias, @Europarl_DE steht an deiner Seite.
Por cá, a líder parlamentar do Partido Socialista, Alexandra Leitão, condenou o ataque ao eurodeputado. Numa publicação na rede social X apontou que tanto o "brutal espancamento" de Matthias Ecke como o ataque na Invicta "devem alertar-nos para o perigo da normalização da extrema-direita radical, xenófoba, racista, misógina e homofóbica, cujo discurso de ódio incita à violência".
O ataque absolutamente condenável a imigrantes no Porto, tal como o brutal espancamento do candidato do SPD na Alemanha devem alertar-nos para o perigo da normalização da extrema-direita radical, xenófoba, racista, misógina e homofóbica, cujo discurso de ódio incita à violência.
— Alexandra Leitão (@Alexandrarfl) May 5, 2024
Este não é o primeiro ataque
Segundo a polícia, um grupo de quatro pessoas terão atacado, minutos antes, um membro dos Verdes, de 28 anos, enquanto afixava cartazes na mesma rua. O jovem ficou ferido depois de ter sido pontapeado. Com base nas descrições correspondentes e da proximidade temporal e local, os investigadores acreditam que os perpetradores são os mesmos em ambos casos.
Também na quinta-feira à noite, dois deputados eleitos pelos Verdes, partido que governa com o SPD, foram atacados em Essen, no oeste da Alemanha, tendo um deles sido atingido no rosto, segundo a polícia.
No último sábado de abril, várias dezenas de manifestantes atacaram a vice-presidente do Bundestag, Katrin Göring-Eckardt, eleita pelo Partido Verde, após um evento festivo no leste da Alemanha. O seu carro ficou bloqueado e foi necessário chamar reforços policiais para a deixar sair do local.
Estes ataques são o resultado da "retórica, da atmosfera criada, de virar as pessoas umas contra as outras e de as colocar umas contra as outras", lamentou Olaf Scholz.
"Não devemos nunca resignar-nos a estes atos de violência, devemos opor-nos a eles em conjunto", insistiu o chanceler.
De acordo com Armin Schuster, ministro do Interior da Saxónia, onde se realizará uma importante eleição regional em 1 de setembro, foram registados no Land, desde o início do ano, 112 crimes de motivação política relacionados com as eleições, 30 dos quais contra titulares de cargos políticos ou de mandatos eletivos.
"O que é absolutamente preocupante é a intensidade com que os ataques se multiplicam atualmente", concluiu Schuster.
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