Menor entrega-se 24h após agredir eurodeputado. O que diz a Europa?

O candidato ao Parlamento Europeu Matthias Ecke foi brutalmente agredido na sexta-feira à noite em Dresden, na Alemanha. Não é a primeira agressão a responsáveis políticos e Berlim apressou-se a condenar a agressão. Por cá houve quem reagisse - e também no 'coração' da Europa, com a líder europeia Roberta Metsola a expressar a sua "solidariedade" e a apontar que os responsáveis têm de ser levados à justiça.

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© JENS SCHLUETER/AFP via Getty Images)

Notícias ao Minuto
05/05/2024 19:46 ‧ 05/05/2024 por Notícias ao Minuto

Mundo

Alemanha

Num final de semana que ficou marcado em Portugal por agressões a vários imigrantes, no Porto, também a violência marcou o leste da Alemanha, onde, em Dresden, um eurodeputado do SPD foi atacado durante uma ação de campanha.

Tudo aconteceu na sexta-feira à noite, quando Matthias Ecke colocava cartazes no âmbito da sua campanha para as eleições europeias, que decorrem daqui a um mês. O homem, de 41 anos, foi atacado por quatro desconhecidos e ficou gravemente ferido, encontrando-se agora a "receber tratamento médico no hospital", após uma cirurgia.

A agressão levou o SPD do estado da Saxónia a reforçar as medidas de segurança impedindo que, a partir de agora, os seus membros levem a cabo ações de campanha sozinhos. Devem estar sempre em grupos de quatro ou cinco para poderem reagir a potenciais ataques. Para além disso, a polícia será informada antecipadamente sobre a colocação de cartazes.

Um dos agressores entregou-se este domingo. É menor

Já este domingo de manhã, a polícia alemã deu conta de que um adolescente, de 17 anos, se entregou às autoridades, referindo que era um dos autores do ataque violento.

"Admitiu o ato, mas não disse mais nada", explicou um porta-voz da polícia, detalhando que este contou que foi o "o autor do crime que tinha derrubado o político do SPD”.

Ataque foi condenado por toda a Europa (incluindo em Portugal)

Vários responsáveis políticos alemães, incluindo o chanceler, condenaram o violento ataque.

"A democracia está ameaçada por este tipo de atos", disse Olaf Scholz, numa mensagem em que desejou a Matthias Ecke, eurodeputado do seu partido, no poder, que "enfrente o que entrou na sua vida como um horror".

Também a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, condenou a agressão, em comunicado citado pela imprensa. "A confirmar-se um atentado com motivações políticas a poucas semanas das eleições europeias, este grave ato de violência constitui também um grave atentado à democracia", lê-se na nota, na qual é também considerado que esta é "uma nova dimensão de violência antidemocrática". Faeser aponta ainda o dedo aos "os extremistas e os populistas, que estão a alimentar um clima crescente de violência com ataques verbais totalmente desproporcionados".

Os líderes do SPD na Saxónia, Henning Homann e Kathrin Michel, também reagiram: "As sementes lançadas pelo AfD e por outros extremistas de direita estão a germinar. Os seus apoiantes estão agora totalmente desinibidos e consideram-nos claramente democratas como um jogo", escrevem.

Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, recorreu às redes sociais para falar sobre o assunto. "Estou horrorizada com o ataque cruel contra o eurodeputado Matthias Ecke, em Dresden. Deixo o meu total apoio e solidariedade. Os responsáveis devem ser levados à justiça", escreveu na rede social X (antigo Twitter).

Por cá, a líder parlamentar do Partido Socialista, Alexandra Leitão, condenou o ataque ao eurodeputado. Numa publicação na rede social X apontou que tanto o "brutal espancamento" de Matthias Ecke como o ataque na Invicta "devem alertar-nos para o perigo da normalização da extrema-direita radical, xenófoba, racista, misógina e homofóbica, cujo discurso de ódio incita à violência".

Este não é o primeiro ataque

Segundo a polícia, um grupo de quatro pessoas terão atacado, minutos antes, um membro dos Verdes, de 28 anos, enquanto afixava cartazes na mesma rua. O jovem ficou ferido depois de ter sido pontapeado. Com base nas descrições correspondentes e da proximidade temporal e local, os investigadores acreditam que os perpetradores são os mesmos em ambos casos.

Também na quinta-feira à noite, dois deputados eleitos pelos Verdes, partido que governa com o SPD, foram atacados em Essen, no oeste da Alemanha, tendo um deles sido atingido no rosto, segundo a polícia.

No último sábado de abril, várias dezenas de manifestantes atacaram a vice-presidente do Bundestag, Katrin Göring-Eckardt, eleita pelo Partido Verde, após um evento festivo no leste da Alemanha. O seu carro ficou bloqueado e foi necessário chamar reforços policiais para a deixar sair do local.

Estes ataques são o resultado da "retórica, da atmosfera criada, de virar as pessoas umas contra as outras e de as colocar umas contra as outras", lamentou Olaf Scholz.

"Não devemos nunca resignar-nos a estes atos de violência, devemos opor-nos a eles em conjunto", insistiu o chanceler.

De acordo com Armin Schuster, ministro do Interior da Saxónia, onde se realizará uma importante eleição regional em 1 de setembro, foram registados no Land, desde o início do ano, 112 crimes de motivação política relacionados com as eleições, 30 dos quais contra titulares de cargos políticos ou de mandatos eletivos.

"O que é absolutamente preocupante é a intensidade com que os ataques se multiplicam atualmente", concluiu Schuster.

Leia Também: Marcelo fará voto antecipado nas Europeias (e "aconselha portugueses")

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