"Eu não recebi nenhuma notificação", referiu Óscar Santos, um dia depois de buscas realizadas nos Paços do Concelho e a uma empresa, relacionadas com denúncias de alegadas irregularidades no anterior e no atual mandato.
Num dos despachos do Ministério Público, Óscar Santos é apontado como suspeito e estão em causa obras de asfaltagem entre 2016 e 2019.
"Estou tranquilo: é normal que haja parceria [público-privada], o contrato foi assinado e visado pelo Tribunal de Contas" e os justificativos entregues, referiu o antigo autarca, na altura eleito pelo Movimento pela Democracia (MpD, partido no Governo).
"Estou 100% disponível para esclarecer", acrescentou.
Outro mandado de buscas levou quinta-feira a polícia a recolher documentos e material informático relacionado com denúncias de alegadas ilegalidades no atual mandato, liderado por Francisco Carvalho, eleito em 2020 pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição ao Governo).
O atual presidente da Câmara da Praia também consta de uma lista de suspeitos e reagiu na quinta-feira, dizendo aos jornalistas estar "sereno e tranquilo" face às diligências e garantindo que não há "nem cinco tostões" que tenha tirado aos cofres da autarquia.
O PAICV já anunciou a recandidatura de Francisco Carvalho nas eleições autárquicas a realizar ainda este ano, em data a agendar.
Um terceiro mandado levou ainda à realização de buscas, na quinta-feira, na sede da empresa Construção Barreto, na cidade da Praia.
Questionado hoje sobre as investigações à Câmara da capital, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse que "o Governo não tem de se pronunciar sobre competências e trabalho da justiça".
"Só temos de reafirmar a confiança nas instituições da República", que "não trabalham sob comando de partidos, nem de governos, trabalham sob as suas prerrogativas próprias", com uma "missão" de respeito pela aplicação da lei, disse.
À porta da Câmara, elementos da Polícia Nacional confirmaram, na quinta-feira, os "procedimentos" e prometeram divulgar mais informações posteriormente.
A agência Lusa tentou obter mais informações junto do Ministério Público, mas até agora não foi possível.
Leia Também: FMI aprova revisões dos dois programas em Cabo Verde e dá mais 14 milhões