O ainda presidente do governo regional (Generalitat) afirmou, numa declaração em Barcelona sem direito a perguntas, que a ERC, que ficou em terceiro lugar nas eleições autonómicas catalãs de hoje, vai agora fazer uma análise dos resultados e depois assumir eventuais responsabilidades individuais ou coletivas, sem dar mais detalhes.
Aragonès considerou que os catalães não valorizaram "suficientemente bem" a "via da negociação" com o Governo espanhol, liderado pelo primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, por que a ERC optou nos últimos anos.
À frente do Governo de Espanha desde 2018, Sánchez concedeu indultos aos separatistas condenados pela tentativa de autodeterminação de 2017, mudou o código penal para acabar com o delito de sedição de que outros estavam acusados e avançou com uma amnistia que está prestes a ser definitivamente aprovada.
Todas estas medidas foram negociadas com a ERC, que viabilizou no parlamento espanhol os sucessivos governos de Sánchez.
A sociedade catalã "considera que agora cabe a outro [partido] liderar uma nova etapa", afirmou.
"A ERC assumirá a vontade das pessoas e trabalharemos para continuar, o que faremos desde a oposição", acrescentou Aragonès.
A ERC ficou hoje, nas eleições catalãs, atrás do Partido Socialista (PSC) e do também independentista Juntos pela Catalunha (JxCat, direita), tendo perdido 13 deputados (ficou com 20) e alcançado menos de 14% dos votos.
Apesar da derrota, a ERC pode ser determinante para a viabilização de um governo regional socialista, liderado por Salvador Illa, que venceu as eleições, mas sem maioria absoluta.
Illa disse hoje que pretende liderar o novo governo, mas não revelou se e com quem pretende negociar a viabilização do executivo, depois de ter admitido uma aliança com a ERC durante a campanha eleitoral e com o Comuns Somar (esquerda).
Há 14 anos consecutivos que a Catalunha tem governos regionais liderados por independentistas, viabilizados por sucessivas maiorias absolutas de deputados separatistas no parlamento.
Os partidos independentistas perderam porém hoje a maioria absoluta no parlamento regional que existia há mais de uma década.
Se a ERC viabilizar agora um executivo do PSC, quebraria esse "bloco independentista" com 14 anos, que tem unido partidos de esquerda e direita.
Apesar de não haver maioria absoluta independentista no novo parlamento, o líder do Juntos pela Catalunha (JxCat), Carles Puigdemont, declarou hoje estar pronto para formar um "governo sólido" e desafiou a Esquerda Republicana da Catalunha a refletir sobre "os efeitos da desunião".
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