Perante centenas de empresários e políticos brasileiros que participaram no LIDE, um fórum de investimentos do Brasil nos Estados Unidos da América, Temer frisou que "sempre que há uma tragédia, os Governos cuidam de aportar recursos", mas defendeu que o reforço na prevenção é essencial.
Nesse sentido, o antigo mandatário (2016-2018) sugeriu que os vários Governos do país - a nível nacional, estadual e municipal - estabeleçam organismos com técnicos especializados na prevenção "desses eventos climáticos que se repetem".
"As tragédias trazem novas ideias. (...) Precisamos de organismos que cuidem não apenas do auxílio posterior, mas sejam compostos por técnicos especializados que se dediquem a levantar em todo o Brasil eventuais incidentes climáticos e fazer a prevenção", reforçou.
As fortes chuvas começaram há cerca de quinze dias no Brasil e não pararam, sendo que foram confirmados 148 mortos, 127 desaparecidos e 2,1 milhões de pessoas afetadas em 447 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, onde há quase 81 mil pessoas em abrigos e meio milhão de desalojados.
Grande parte do fórum LIDE, em Nova Iorque, foi marcado por esta tragédia, com vários políticos a manifestar solidariedade para com o estado brasileiro e apelos a doações lançados pelo ex-governador de São Paulo João Dória, fundador do evento.
Fernanda Baggio, presidente das unidades de Nova Iorque e Washington do LIDE, anunciou que as próximas ações do fórum serão reconvertidas em doações para o Rio Grande do Sul.
Nas suas intervenções no evento, os deputados federais Aguinaldo Ribeiro e Danielle Cunha defenderam a "necessidade de repensar as cidades" e de "enfrentar os desastres que estão a acontecer" no país.
"Esses fenómenos não vão deixar de estar presentes nas nossas vidas, pelo contrário. (...) Nos últimos 10 anos, mais de 90% dos municípios brasileiros foram afetados por algum tipo de incidente climático. Precisamos de nos mobilizar para isso de maneira organizada. (...) As obras públicas, as cidades, precisam de ser feitas de outra maneira", apelou, por sua vez, o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira.
Defendendo a aposta na "prevenção e na reação", o presidente da CNSeg advogou ainda que esse trabalho não deve caber apenas ao setor público, mas também ao privado.
As consequências económicas do desastre climático no Rio Grande do Sul ainda são imensuráveis, mas um balanço da Federação das Indústrias do estadual já traça um panorama parcial.
Segundo a organização, 86,4% das unidades industriais do estado estão localizadas nas cidades atingidas, que estão praticamente paralisadas há duas semanas, assim como quase todo o setor agrícola regional.
Cerca de 600 mil pequenas e médias empresas também foram afetadas, e até o comércio eletrónico parou, devido às dificuldades de entrega em regiões onde pontes e estradas desmoronaram e aeroportos operam de forma precária ou estão fechados, como o aeroporto de Porto Alegre.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, não conseguiu estar presente no LIDE devido às inundações, mas numa mensagem transmitida no evento afirmou que o seu estado "vive a pior tragédia climática da sua história".
No evento, que reúne políticos, autoridades e empresários para debater o cenário político e económico do Brasil e o potencial de investimentos no país, e que vai na sua 14.ª edição, abordaram-se temas desde a transição energética ao meio ambiente, passando pelo agronegócio ou pela política externa.
A programação dividiu-se em dois painéis: "A nova visão do Brasil" e "As opções no Brasil para novos investimentos internacionais".
Além de deputados, senadores e ex-governantes, estiveram presentes os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, de Minas Gerais, Romeu Zema, do Paraná, Ratinho Júnior, do Mato Grossso, Mauro Mendes, do Pará, Helder Barbalho, do Amazonas, Wilson Lima, do Espírito Santo, Renato Casagrande, do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel e de Goiás, Ronaldo Caiado, que procuraram passar uma mensagem de confiança as empresários presentes.
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