Modi revela conversas secretas com Israel para cessar-fogo em Gaza
O primeiro-ministro da Índia, o nacionalista hindu Narendra Modi, avançou hoje que o seu governo manteve conversações privadas com Israel para um cessar-fogo em Gaza no Ramadão, uma revelação feita quando é acusado de ser anti-muçulmano.
© Lusa
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"Em Gaza, durante o mês do Ramadão (entre 10 de março e 09 de abril), enviei o meu enviado especial a Israel. Ele encontrou-se com o primeiro-ministro de Israel (Benjamin Netanyahu) disse-lhe para lhe explicar que não devíamos bombardear Gaza no mês do Ramadão", segundo Modi, numa entrevista ao canal indiano Aaj Tak.
Israel "tentou seguir esta ideia e acabou por lutar durante dois ou três dias no Ramadão. Mas eu enviei um enviado especial", garantiu Modi, na entrevista transmitida quinta-feira à noite em hindi e publicada hoje por vários meios de comunicação social.
Os comentários de Modi foram feitos quando decorrem as eleições gerais no país, nas quais concorre a um terceiro mandato como chefe de Governo.
Os críticos do primeiro-ministro têm insistido em acusá-lo de perseguição e discriminação contra as minorias religiosas, especialmente aos muçulmanos, que são a maior minoria da Índia.
"Aqui sou acusado de fazer política contra os muçulmanos, mas Modi tentou parar os bombardeamentos em Gaza. Não quero publicidade para isso", disse o governante, falando de si próprio na terceira pessoa referindo-se ao atual conflito, que se iniciou a 07 de outubro devido a um ataque sem precedentes dos islamitas palestinianos do Hamas contra Israel.
No poder desde 2014, manteve uma relação fraterna com Netanyahu, a quem manifestou apoio contra "o terrorismo em todas as suas formas", embora a Índia tenha apoiado historicamente a causa palestiniana.
Modi é a figura central do Partido Bharatiya Janata (BJP), a principal formação de direita da Índia, e o principal favorito à vitória das eleições que terminam a 01 de junho, após mais de 40 dias do seu início.
A próxima fase das eleições decorre na segunda-feira sob uma nova vaga de calor, a segunda em três semanas.
Os eleitores do Uttar Pradesh, Bengala Ocidental, Maharashtra e Jharkhand votam na segunda-feira quando, segundo os serviços meteorológicos, poderá registar-se uma vaga de calor moderada, com temperaturas próximas dos 40°C.
A Comissão Eleitoral da Índia disse no mês passado que tinha formado um grupo de trabalho para examinar o impacto das ondas de calor e da humidade antes de cada fase de votação.
Até agora, a participação nas eleições gerais tem sido inferior à de 2019, com alguns analistas a culparem "uma certa falta de interesse" entre os eleitores e outros a culparem a vaga de calor no país.
Um total de 968 milhões de eleitores indianos é chamado a eleger os 543 membros da câmara baixa do parlamento, o que é mais do que a população total dos Estados Unidos, da União Europeia e da Rússia juntos.
As eleições iniciarem-se a 19 de abril e desenvolvem-se em sete fases, com a contagem de votos a estar prevista para 04 de junho, devendo os resultados serem anuciados nesse mesmo dia.
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