As famílias das vítimas que morreram há dois anos num tiroteio numa escola primária no estado norte-americano do Texas, chegaram a acordo com os responsáveis municipais de Uvalde.
"Durante dois longos anos, definhámos de dor e sem qualquer responsabilização por parte das forças da ordem e dos agentes que permitiram que as nossas famílias fossem destruídas naquele dia", explicou a familiar de duas vítimas. Veronica Luevanos perdeu não só a filha como também o sobrinho, num tiroteio que tirou a vida a 19 crianças e dois adultos.
"Este acordo reflete um primeiro esforço de boa fé, particularmente por parte da cidade de Uvalde, para começar a reconstruir a confiança nos sistemas que não nos protegeram", explicou Luevanos, em comunicado emitido esta quarta-feira, e citado pela imprensa internacional.
O acordo é alcançado quase dois anos depois da tragédia, que aconteceu a 24 de maio de 2022, e que foi levada a cabo por um jovem de 18 anos. O ataque levado a cabo por Salvador Ramos foi alvo de muitas críticas, nomeadamente, devido à demora na intervenção policial. Os elementos demoraram mais de uma hora a "confrontar".
Um dos advogados de uma das famílias sublinhou que "não houve transparência" na investigação e que as famílias quiseram muitos mudanças. "O processo de cura tem de começar e os compromissos feitos hoje pela Câmara [de Uvalde] são fundamentais neste processo", referiu.
Segundo a imprensa norte-americana o acordo prevê que as famílias das vítimas se envolvam nos esforços da polícia para melhorar o departamento policial, nomeadamente no que diz respeito à formação dos agentes. As famílias explicam também que as autoridades são ainda 'obrigadas' a fazer parte do processo. Para isso, vai ser estabelecido um Dia em Memória das Vítimas a 24 de maio, a criação de um comité para se construir um memorial financiado pela cidade, assim como financiar os serviços de saúde mental.
"A justiça e a responsabilização sempre foram a nossa principal preocupação - fomos desiludidos tantas vezes", explicou Javier Cazares, cuja filha de 9 anos, Jackie, foi morta. "Chegou a altura de fazer o que está certo", sublinhou.
A cidade vai pagar dois milhões de dólares às famílias das vítimas, e justificou que não será mais porque, caso contrário, os fundos locais poderiam esgotar-se.
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