Desde abril de 2023, o Sudão é palco de uma guerra que opõe as forças armadas sudanesas (SAF, na sigla em inglês), lideradas pelo general Abdel Fattah al-Burhan, às Forças paramilitares de Apoio Rápido (RSF), sob o comando do general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti".
El-Facher, a única capital dos cinco estados do Darfur que escapou ao controlo das RSF, há muito que estava relativamente intocada pelos combates. A cidade, que alberga um grande número de refugiados, funcionava como um centro humanitário para esta vasta região do Sudão ocidental ameaçada pela fome.
No dia 10 de maio, eclodiram na cidade intensos combates, fazendo temer uma nova e "alarmante" viragem no conflito, segundo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
A MSF anunciou hoje a morte de um funcionário seu, afeto ao serviço de farmácia, morto este sábado "quando um bombardeamento atingiu a sua casa". O funcionário da MSF foi levado para o Hospital do Sul, o único hospital em funcionamento em El-Facher, onde sucumbiu aos ferimentos.
Foi neste hospital, apoiado pela organização, que "979 feridos foram tratados desde o início dos combates, há mais de duas semanas", declarou a MSF num comunicado de imprensa. "O número de mortos subiu para 134, um sinal da intensidade violenta dos combates", prossegue a ONG.
O número de mortos pode ser muito mais elevado do que o balanço feito pela MSF, uma vez que os habitantes não podem deslocar-se para receber tratamento de urgência devido aos confrontos, aos ataques de artilharia e aos bombardeamentos aéreos do exército.
De acordo com a ONU, a cidade está efetivamente sitiada, com as estradas bloqueadas, sendo o tráfego perigoso ou muito restrito.
As organizações humanitárias pediram que fosse autorizada a entrada de mais ajuda humanitária, e a ONU receia que as reservas disponíveis no Hospital do Sul apenas cubram as necessidades para a próxima semana.
No Cordofão do Norte, outra região sudanesa palco de intensos combates, um voluntário do Crescente Vermelho foi morto a tiro na ultima sexta-feira, quando se encontrava em missão, de acordo com o Comité Internacional da Cruz Vermelha.
O conflito no Sudão já custou dezenas de milhares de vidas. Em El-Geneina, capital do Darfur Ocidental, foram mortas entre 10.000 e 15.000 pessoas, segundo a ONU, e quase nove milhões de pessoas foram deslocadas devido à violência iniciada em 15 de abril de 2023.
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