Abbas critica palavras de Khamenei de "sacrificar sangue palestiniano"
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, criticou hoje o líder supremo do Irão, o 'ayatollah' Ali Khamenei, pelo apoio ao ataque de 7 de outubro do movimento islamita Hamas a Israel, afirmando que tal "visa sacrificar sangue palestiniano".
© Lusa
Mundo Palestina
O dirigente palestiniano no poder na Cisjordânia declarou também que esse tipo de declarações "não conduzirá à criação de um Estado palestiniano independente", indicou o seu gabinete num comunicado, citado pela agência de notícias palestiniana WAFA.
Abbas sublinhou que a população palestiniana "está a pagar o preço da guerra israelita" e que a ofensiva lançada por Israel na Faixa de Gaza após o ataque de 07 de outubro do ano passado fez, até agora, mais de 36.000 mortos, mais de 83.000 feridos e causou uma enorme destruição de infraestruturas.
"O povo palestiniano anda há cem anos a lutar e não precisa de guerras que não beneficiam as suas aspirações de liberdade e independência e a preservação de Jerusalém e seus lugares sagrados muçulmanos e cristãos", sustentou o dirigente palestiniano.
Segundo Mahmud Abbas, o que é necessário é "pôr fim à ocupação e materializar um Estado palestiniano com Jerusalém oriental como capital, e não impulsionar políticas que não beneficiam os objetivos nacionais palestinianos".
A este respeito, defendeu que as declarações do 'ayatollah' iraniano Ali Khamenei apoiam "a destruição do povo palestiniano e a sua retirada de uma terra por cuja identidade têm lutado geração após geração".
"Estamos num confronto contínuo com Israel e com os sucessivos Governos norte-americanos, que constantemente utilizam o seu direito de veto para impedir que os palestinianos alcancem os seus direitos legítimos", acrescentou.
O líder palestiniano afirmou igualmente que os Estados Unidos "estão a tentar eliminar Jerusalém da equação" e que "dão armas e dinheiro para manter a ocupação israelita e impedir que a bandeira da Palestina seja hasteada sobre Jerusalém e seus lugares santos", referindo-se ao apoio militar, económico e diplomático de Washington ao seu principal aliado no Médio Oriente.
Horas antes, Khamenei tinha vaticinado que Israel "está no caminho para a sua destruição", na sequência dos ataques de 07 de outubro do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e de outras milícias palestinianas, afirmando: "O regime ocupante está a derreter perante os olhos do mundo".
"A milagrosa operação 'Dilúvio de Al-Aqsa' invalidou o grande plano dos inimigos para dominar a região e pôs o regime sionista no caminho para a sua destruição", declarou o líder supremo da República Islâmica, referindo-se aos Acordos de Abraão, assinados por Israel com vários países árabes da região para normalizar as relações diplomáticas.
"Esse plano sinistro esteve muito perto de ser executado quando começou o 'Dilúvio de Al-Aqsa', que fez explodir a posição dos Estados Unidos, do sionismo e dos seus apoiantes", disse Khamenei, acrescentando que "os acontecimentos dos últimos oito meses acabaram com as esperanças de ressuscitar tal plano", depois de os Emirados Árabes Unidos (EAU), o Bahrein e Marrocos terem aderido aos referidos Acordos de Abraão, promovidos pelo antigo Presidente norte-americano Donald Trump.
Segundo Khamenei, o ataque de 07 de outubro perpetrado em território israelita pelo Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -, que se saldou em 1.189 mortos, na maioria civis, e 252 reféns, 121 dos quais permanecem em cativeiro, representou "um golpe irreparável para o regime sionista".
"Apesar de os Estados Unidos e muitos Governos ocidentais continuarem a apoiar este regime, também sabem que não há saída para ele", reiterou, vincando que "a Palestina é agora o principal problema do mundo, e os Estados Unidos ficaram numa posição passiva perante o consenso internacional e, mais cedo ou mais tarde, terão de retirar o seu apoio ao regime sionista".
A guerra, que hoje entrou no 241.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez também até agora na Faixa de Gaza cerca de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
Causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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