O ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjarto, alertou, esta segunda-feira, para as consequências dos ataques da Ucrânia a território russo com armas cedidas pelos Estados Unidos, considerando que estes representam uma escalada do conflito, que podem levar a Rússia a responder com mais força.
"Quais serão as consequências?", questionou o diplomata, durante uma reunião, em declarações da agência MIT, citadas pela agência estatal russa TASS. "A única questão é saber se eles vão ripostar tanto quanto antes ou mais", acrescentou.
"O comboio da guerra partiu da penúltima estação e está a chegar aqui. A próxima paragem é a paragem final, e a questão é saber se vai chegar lá, ou se alguém vai pisar o travão de emergência para que o comboio pare numa via aberta", disse ainda, numa referência a um confronto militar entre a Rússia e os países ocidentais.
Assim, aproveitou para remeter para a importância das eleições europeias. "O travão de emergência será acionado a 9 de junho e são os eleitores europeus que o podem acionar", apontou, apelando aos húngaros que apoiem o Fidesz - partido no poder - que se opõe ao fornecimento de armas a Kyiv.
Recorde-se que o debate atual sobre a ajuda fornecida à Ucrânia, quase dois anos e meio após o início da guerra, diz respeito aos aliados de Kyiv permitirem que o país utilize equipamento militar doado contra as capacidades militares russas no seu próprio território.
Moscovo alertou que isto implicaria a participação destes Estados no conflito.
O secretário-geral da Aliança Atlântica (NATO), Jens Stoltenberg, indicou na semana passada que o levantamento das restrições às armas ocidentais para que a Ucrânia ataque a Rússia permitirá que Kyiv se defenda, embora uma grande parte dos aliados esteja dividida nesta questão.
Uma nova ofensiva coordenada da Rússia, iniciada em 10 de maio, centrou-se na região nordeste de Kharkiv, mas Moscovo também tem jogado com a saturação das defesas ucranianas, em inferioridade de homens e armamento, em Donetsk, ao mesmo tempo que lança incursões nas regiões norte de Sumy e Chernihiv e realiza bombardeamentos diários contra infraestruturas energéticas.
No domingo, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca (presidência), John Kirby, confirmou que o presidente norte-americano, Joe Biden, concordou em permitir que a Ucrânia use algumas armas fornecidas por Washington para atacar solo russo, a fim de aliviar a "incrível pressão" que a Rússia exerceu sobre a região fronteiriça de Kharkiv.
A Ucrânia pediu permissão para usar as armas fornecidas pelos Estados Unidos para atacar "ameaças iminentes do outro lado da fronteira", disse Kirby, em declarações à estação televisiva ABC.
"Estamos a falar de posições militares, posições de armas, esse tipo de coisas. Bases logísticas que os russos estavam a usar para criar algum tipo de zona tampão para que pudessem continuar a atacar Kharkiv", indicou Kirby, acrescentando que a permissão é limitada a esta região e no que diz respeito aos tipos de alvos a atingir.
Leia Também: "Apoio à Ucrânia". Ministros das Finanças da UE reunidos antes do G7