Esta operação conjunta, que também envolveu a cooperação das autoridades francesas e britânicas, revelou uma organização criminosa internacional com ligações a indivíduos na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia suspeitos de crimes informáticos, revelou o chefe anticorrupção da Moldova.
Os suspeitos "pagaram a intermediários e autoridades na Moldova para informar os criminosos procurados sobre o seu estatuto no sistema 'Alerta Vermelho' (Red Notice, em inglês), acrescentou Veronica Dragalin, chefe anticorrupção, em declarações aos jornalistas.
O aviso sinaliza pessoas consideradas fugitivas para as autoridades policiais em todo o mundo e é uma das ferramentas mais importantes da Interpol.
A investigação levou à detenção de quatro pessoas suspeitas de interferir nos avisos, salientou Dragalin.
O esquema pretendia que as pessoas sujeitas a 'Alerta Vermelho' "obtivessem asilo ou estatuto de refugiado" na Moldova e noutros países "com o objetivo de bloquear e eliminar" os avisos através do suborno de funcionários públicos, acrescentou.
Os montantes envolvidos, destacou ainda, ascendem a vários milhões de euros.
A Interpol realçou que a operação da agência internacional com sede em Lyon, França, seguiu-se à deteção de tentativas de "bloquear e apagar" os avisos, que sinalizam pessoas consideradas fugitivas para as autoridades em todo o mundo.
A Moldova abriu uma investigação em 02 de abril, depois de receber informações da procuradoria financeira de França, e posteriormente solicitou a assistência do FBI (polícia federal norte-americana).
"Estamos empenhados em combater a corrupção de alto nível em todas as suas formas, especialmente aqueles esquemas que colocam em risco as investigações criminais em todo o mundo", vincou Dragalin.
A Interpol referiu ainda, em comunicado, que a agência tomou medidas para evitar mais "uso indevido dos seus sistemas".
"Os nossos robustos sistemas de monitorização identificaram atividades suspeitas", garantiu o secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock.
"Tomamos medidas imediatas, incluindo relatar o problema às autoridades responsáveis pela aplicação da lei no nosso país anfitrião, a França", acrescentou.
Stock destacou ainda o grande número de pessoas sujeitas a 'Alerta Vermelho' -- mais de 70.000 pessoas -- mas não deu detalhes sobre a tentativa de sabotagem.
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