As crianças na Faixa de Gaza estão a ser "forçadas a lidar com a terrível realidade da perda, do trauma, da destruição total", disse o porta-voz da UNICEF para o Médio Oriente e no Norte de África, Saleem Oweis.
Citado pela agência de notícias Al Jazeera, Oweis alertou que "a história completa é ainda mais obscura do que vemos".
"[O trauma] aprofunda-se à medida que crescem", continuou, afirmando que, se antes dos ataques de 7 de outubro havia cerca de 5 mil crianças em Gaza que precisavam de algum tipo de apoio mental, hoje em dia, todas as crianças no território precisam dessa ajuda.
Em muitos casos, continuou, é necessário apoio especializado, porque a guerra teve "um profundo impacto no seu bem-estar psicológico".
"Os serviços no terreno são quase inexistentes. O único hospital psiquiátrico em Gaza esteve fora de serviço no início desta escalada, e isso significa que as necessidades básicas de saúde mental não podem ser satisfeitas", alertou Oweis.
O especialista da UNICEF lamentou que é "impossível" em Gaza levar a cabo "o primeiro de oito princípios do trauma", que passa por "remover a pessoa do ambiente do trauma". "Não há nenhum lugar que se sinta seguro", completou.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e deixou mais de duas centenas de reféns na posse do grupo palestiniano, segundo Telavive.
A ofensiva israelita que se seguiu na Faixa de Gaza provocou mais de 36 mil mortos e uma grave crise humanitária no enclave palestiniano, de acordo com as autoridades locais tuteladas pelo Hamas.
[Notícia atualizada às 17h31]
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