"O navio Marianne Danica, com bandeira dinamarquesa (Estado-membro da União Europeia), aportou no Porto Grande no dia 13 de maio pelas 07h00 (09h00 em Lisboa), para efeitos de abastecimento de combustível, tendo saído pelas 15h00 (17h00 em Lisboa) do mesmo dia", lê-se num esclarecimento da Empresa de Portos de Cabo Verde (Enapor).
A documentação indicava que o navio era proveniente de Chennai, Índia, e tinha como destino Cartagena, Espanha, e não havia "quaisquer dados, informações ou referências oficiais" a Israel, acrescentou.
Do mesmo modo, o navio não estava "sob sanção ou qualquer outra restrição ou medida de proibição ou interdição internacional que pudesse justificar a recusa de abastecimento de combustível" e a Enapor disse conduzir-se pelo "cumprimento das normas internacionais e em estreita colaboração com todos os intervenientes do setor, particularmente a nível internacional".
"A relação comercial de prestação de serviço de abastecimento de combustível às empresas detentoras dos navios de modo nenhum traduz qualquer facilitação ou apoio ao recrudescer do conflito", concluiu, numa alusão à ofensiva israelita na faixa de Gaza, em resposta ao Hamas.
A paragem do navio em Cabo Verde foi primeiro referenciada pelo semanário A Nação, na sequência da denúncia de organizações não-governamentais com sede na Europa.
Três dias depois de se abastecer em Cabo Verde, o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, anunciou a recusa do país em receber a escala do navio em Cartagena.
"A nossa política é não conceder novas licenças de exportação de material bélico com destino a Israel e esta decisão que tomamos de rejeitar a escala [do navio Marianne Danica é] é coerente e vai na mesma linha", referiu o governante à agência EFE.
O Ministério dos Assuntos Exteriores "rejeitará sistematicamente" todos os pedidos de escala de navios com aquelas características, referiu Albares, acrescentando que o reconhecimento do Estado palestiniano por parte de Espanha estará na mesma linha de fomentar a "paz definitiva" na região.
Na mesma resposta ao jornal A Nação, a Enapor informou que outro barco indicado por várias organizações como portador de armas para Israel, o Vertom Odette, com bandeira do Luxemburgo, também fez escala para abastecimento no Porto Grande, a 28 de maio, justificando-o com as mesmas explicações - no caso, a embarcação indicava navegar de Luanda (Angola) para Cartagena.
O Vertom Odete acabaria por mudar de rota antes de se aproximar de Espanha e de serem tomadas quaisquer eventuais diligências.
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