Os Hutis dispararam na segunda-feira o seu novo míssil, com o nome 'Palestina', que é completo com uma ogiva pintada como um lenço palestiniano 'keffiyeh', em direção ao porto de Eilat, no sul do golfo de Aqaba, em Israel.
O ataque fez disparar as sirenes de ataque aéreo, mas não causou danos ou ferimentos, noticiou a agência Associated Press (AP).
Imagens divulgadas pelos Hutis na quarta-feira à noite mostravam o 'Palestina' a ser erguido no que parece ser um lançador móvel e a ser lançado, deixando um rasto de fumo branco.
O fumo branco é comum em mísseis de combustível sólido, que podem ser montados e disparados mais rapidamente do que aqueles que contêm combustível líquido.
#Yemen / #Palestine / #Israel 🇾🇪🇵🇸🇮🇱: "Ansar Allah" (#Houthis) reportedly carried out a missile strike against the city of #Eilat.
— War Noir (@war_noir) June 6, 2024
Group used a "Palestine Ballistic Missile" with a 'Keffiyeh' nose cone.
The missile seems to be based on #Iran-made 🇮🇷 'Kheybar Shekan 2' missile. pic.twitter.com/w3XsPaI1fL
Esta é uma preocupação fundamental para os Hutis, uma vez que os seus locais de lançamento de mísseis têm sido repetidamente alvo de ataques dos EUA e das forças aliadas nos últimos meses, devido aos ataques dos rebeldes a navios através do corredor do mar Vermelho em reação à guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
Os rebeldes descreveram o 'Palestina' como um míssil "fabricado localmente". No entanto, não se conhece capacidade dos Hutis para fabricar sistemas complexos de mísseis localmente no Iémen, o país mais pobre do mundo árabe, que tem sido assolado pela guerra desde que os rebeldes tomaram a capital, Sana, há quase uma década.
Os Hutis têm sido, no entanto, repetidamente armados pelo Irão durante a guerra, apesar do embargo de armas das Nações Unidas.
Embora o Irão afirme que não abastece de armas os Hutis, navios apreendidos pelos EUA e os seus aliados encontraram armamento iraniano, combustível para mísseis e componentes a bordo.
Os meios de comunicação social iranianos noticiaram o lançamento do 'Palestina', descrevendo-o como fabricado localmente, citando os Hutis.
Mas os elementos de 'design' do míssil lembram outros mísseis desenvolvidos pela Guarda Revolucionária paramilitar do Irão, como o 'Fattah', ou 'Conquistador' em farsi.
O Irão revelou o míssil no ano passado e afirmou que poderia atingir Mach 15 - ou 15 vezes a velocidade do som. Também descreveu o alcance do míssil em até 1.400 quilómetros.
Em março, a agência de notícias estatal russa RIA Novosti citou uma fonte anónima alegando que os Hutis tinham um míssil hipersónico.
"Embora não possamos dizer com certeza a que versão exata corresponde o 'Palestina', podemos dizer com grande certeza que se trata de um míssil de combustível sólido avançado e guiado com precisão e fornecido pelo Irão", realçou Fabian Hinz, um especialista em mísseis e investigador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
Questionado sobre a semelhança entre o 'Palestina' e os seus mísseis, a missão do Irão nas Nações Unidas disse à agência Associated Press (AP) que Teerão "não se envolveu em qualquer atividades que contrarie" as resoluções da ONU.
As armas hipersónicas, que voam a velocidades superiores a Mach 5, podem representar desafios cruciais aos sistemas de defesa antimísseis devido à sua velocidade e capacidade de manobra.
Os mísseis balísticos voam numa trajetória na qual sistemas antimísseis como o Patriot, fabricado nos EUA, podem antecipar a sua trajetória e intercetá-los.
Quanto mais irregular for a trajetória de voo do míssil, como um míssil hipersónico com capacidade de mudar de direção, mais difícil se torna a sua intercetação.
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