O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, na sexta-feira, que não há necessidade do uso armas nucleares para dar a vitória a Moscovo na Ucrânia, no que é, até agora, o sinal mais forte do chefe do Kremlin de que não haverá um ataque nuclear.
A resposta de Putin foi dada a uma pergunta de Sergei Karaganov, um influente analista russo, que perguntou se o líder russo deveria encostar uma "pistola nuclear à têmpora" do Ocidente por causa da Ucrânia.
"A utilização é possível num caso excecional - no caso de uma ameaça à soberania e à integridade territorial do país. Não creio que esse caso tenha chegado. Não existe essa necessidade", afirmou o líder russo, citado pela Reuters, em declarações no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo.
No entanto, Putin, que lidera a maior potência nuclear do mundo, destacou que não exclui a possibilidade de alterar a doutrina nuclear russa, que estabelece as condições em que essas armas podem ser utilizadas, mas que "até agora, também não há necessidade disso".
"Esta doutrina é um instrumento vivo e estamos a observar atentamente o que se passa no mundo à nossa volta e não excluímos a possibilidade de introduzir algumas alterações a esta doutrina. Isto também está relacionado com os testes de armas nucleares. Até agora, também não há necessidade disso, uma vez que as nossas capacidades informáticas e de informação nos permitem produzir tudo na sua forma atual", frisou,
O presidente russo, cujas forças têm feito avanços no leste da Ucrânia nos últimos meses, pediu ainda que as pessoas parassem de discutir o tema nuclear.
Doutrina nuclear russa publicada em 2020
A doutrina nuclear russa publicada em 2020 define as condições em que um presidente russo consideraria a possibilidade de utilizar uma arma nuclear: em termos gerais, como resposta a um ataque com armas nucleares ou outras armas de destruição maciça, ou à utilização de armas convencionais contra a Rússia "quando a própria existência do Estado é ameaçada".
Sergei Karaganov, que fez a entrevista, um influente analista russo, propôs, no ano passado, um ataque nuclear limitado a um membro da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa para forçar o Ocidente a recuar no conflito sobre a Ucrânia e, assim, evitar a Terceira Guerra Mundial.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, flexibilizou algumas restrições à utilização pela Ucrânia de armamento americano dentro da Rússia, o que levou Moscovo a alertar para uma escalada potencialmente perigosa do conflito.
Por sua vez, Putin afirmou também, na quarta-feira, que poderia colocar mísseis convencionais a uma distância de ataque dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus se estes permitissem que a Ucrânia atacasse mais profundamente a Rússia com armas ocidentais de longo alcance. Putin afirmou ainda que o Ocidente estava errado ao assumir que a Rússia nunca utilizaria armas nucleares.
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