Sem ainda uma resposta do Hamas à proposta dos EUA enviada há 10 dias, Blinken iniciou a sua oitava visita à região desde o início do conflito na Faixa de Gaza, em 07 de outubro.
O secretário de Estado norte-americano já se encontrou hoje com o Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, no Cairo. Blinken também viajará para Israel, Jordânia e Qatar.
Embora o Presidente norte-americano, Joe Biden, Blinken e outras autoridades dos EUA tenham elogiado o resgate de reféns, a operação resultou na morte de um grande número de civis palestinianos e pode complicar o esforço de cessar-fogo ao encorajar Israel e fortalecer a determinação do Hamas de continuar a lutar numa guerra que iniciou com o ataque de 07 de outubro de 2023 a Israel.
"É difícil dizer como o Hamas irá processar esta operação específica e o que fará com a sua determinação sobre se dirá sim ou não", disse no domingo o conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan.
"Não obtivemos uma resposta formal do Hamas até ao momento", referiu Sullivan.
Nas suas conversações com Al-Sissi e com os líderes do Qatar, cujos países são os principais mediadores com o Hamas nas negociações de cessar-fogo, Blinken sublinhará a importância de persuadir os militantes islamitas a aceitarem a proposta em três fases que está sobre a mesa.
O plano prevê a libertação de mais reféns e um cessar-fogo temporário nas hostilidades que poderá levar à retirada completa das forças israelitas de Gaza.
"Temos esperança que, em coro, toda a comunidade internacional fale a uma só voz e o Hamas chegará à resposta certa", disse Sullivan ao "This Week", da televisão ABC.
Mas o Hamas pode não ser o único obstáculo.
Embora o acordo tenha sido descrito como uma iniciativa de Israel e milhares de israelitas tenham manifestado o seu apoio, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, expressou ceticismo, dizendo que aquilo que foi apresentado publicamente não é exato e que Israel ainda está empenhado em destruir o Hamas.
Os aliados de extrema-direita de Netanyahu ameaçaram derrubar o seu Governo se o primeiro-ministro implementar o plano, e Benny Gantz, um popular centrista, renunciou no domingo ao seu posto no Gabinete de Guerra. Após o resgate dos reféns, Netanyahu pediu-lhe que não renunciasse.
Blinken reuniu-se com Netanyahu, o ministro da Defesa Yoav Gallant, Gantz e o líder da oposição israelita Yair Lapid em quase todas as suas viagens anteriores a Israel. Autoridades disseram que Blinken deve se reunir com Gantz novamente na terça-feira.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse na sexta-feira que Blinken usaria a viagem para "discutir como a proposta de cessar-fogo beneficiaria tanto israelitas quanto palestinianos".
Miller disse que o acordo não só aliviaria a crise humanitária em Gaza, mas também prepararia o terreno para uma redução da tensão ao longo da fronteira Israel-Líbano e criaria condições para uma integração mais ampla de Israel com os seus vizinhos árabes, fortalecendo a segurança de Israel a longo prazo.
Apesar das visitas mensais de Blinken à região desde o início da guerra, o conflito provocou mais de 37 mil palestinianos mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não faz distinção entre civis e combatentes nas suas contagens.
O Hamas e outros militantes mataram cerca de 1.200 pessoas no ataque de 07 de outubro, a maioria civis, e fizeram cerca de 250 pessoas como reféns. A guerra prejudicou gravemente o fluxo de alimentos, medicamentos e outros fornecimentos aos palestinianos, que enfrentam fome generalizada. Agências da ONU dizem que mais de um milhão de pessoas em Gaza poderão sofrer um altíssimo nível de fome até meados de julho.
Na Jordânia, Blinken participará numa conferência internacional de emergência sobre como melhorar o fluxo de ajuda para Gaza.
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