Na véspera do início da cimeira do G7, grupo que reúne as sete democracias mais ricas do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia), Griffiths frisou que esses líderes "podem e devem" exercer a sua influência para ajudar a pôr fim ao "flagelo evitável" da guerra e da fome.
"Enquanto o poderoso G7 se reúne amanhã em Itália, os conflitos no Sudão, em Gaza e noutros locais estão fora de controlo. A guerra está a levar milhões de pessoas à beira da fome. Apenas aspetos técnicos impedem que a fome seja declarada, pois as pessoas já estão a morrer de fome", disse, em comunicado.
"Esperar por uma declaração oficial de fome antes de agir seria uma sentença de morte para centenas de milhares de pessoas e um ultraje moral", considerou o veterano diplomata britânico.
Martin Griffiths, que este mês deixará o cargo que desempenha na ONU devido a questões de saúde, indicou que o conflito está a alimentar a fome em muitos cantos do mundo -- do Mali a Myanmar --, "mas em nenhum lugar a escolha entre a inação e o esquecimento é tão clara como em Gaza e no Sudão".
"Em Gaza, espera-se que metade da população -- mais de um milhão de pessoas -- enfrente a morte e a fome até meados de julho", alertou.
No Sudão, pelo menos cinco milhões de pessoas também estão à beira da fome, com as comunidades "em mais de 40 focos de fome a correrem um alto risco de cair na fome no próximo mês, incluindo nas zonas devastadas pela guerra de Aj Jazirah, Darfur, Cartum e Kordofan", denunciou o subsecretário-geral.
Quer em Gaza, quer no Sudão, os combates intensos, as "restrições inaceitáveis" e o escasso financiamento estão a impedir que os trabalhadores humanitários forneçam alimentos, água, sementes, cuidados de saúde e outros tipos de assistência vital "em qualquer escala próxima da necessária para evitar a fome em massa", explicou.
"Isto tem de mudar! Não podemos perder nem um minuto. Embora continuemos a fazer a nossa parte para salvar vidas sempre que possível, em última análise, a ajuda humanitária não é a solução para os conflitos que roubam a vida de milhões de pessoas que merecem", reforçou o líder humanitário.
"Mas, mais do que tudo, o mundo tem de parar de alimentar as máquinas de guerra que matam de fome os civis de Gaza e do Sudão. É tempo, em vez disso, de dar prioridade à diplomacia que devolverá às pessoas o seu futuro -- e amanhã, o G7 estará no comando", concluiu Martin Griffiths.
Leia Também: UE ativa reserva de emergência para prevenir fome no Afeganistão