Kyiv diz que condições de Putin para acordo são "contrárias ao bom senso"

A Ucrânia desvalorizou hoje a proposta do presidente russo, que prometeu iniciar negociações de paz se Kyiv se retirar de quatro regiões e abdicar de aderir à NATO, com o conselheiro da Presidência ucraniana a classificá-la como "contrária ao bom senso".

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© Vitalii Nosach/Global Images Ukraine via Getty Images

Lusa
14/06/2024 13:18 ‧ 14/06/2024 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Temos de nos livrar destas ilusões e deixar de levar a sério as 'propostas' da Rússia, que são contrárias ao bom senso", afirmou hoje Mykhailo Podoliak, conselheiro da Presidência ucraniana.

"Não existem novas propostas de paz por parte da Rússia. A entidade Putin simplesmente formulou o 'pacote padrão do agressor' que já ouvimos muitas vezes", disse Podoliak, na sua conta na rede social X.

De acordo com o conselheiro presidencial, as condições impostas por Putin para declarar um cessar-fogo - que incluem, para além da retirada ucraniana dos territórios ocupados pela Rússia, a renúncia de Kyiv à adesão à NATO - são "altamente ofensivas para a legalidade internacional" e demonstram a "incapacidade" do regime russo para "avaliar adequadamente a realidade".

"Ponto por ponto, a 'proposta da Federação Russa' consiste em: '1. Cedam-nos os vossos territórios. 2 - Abandonem a vossa soberania e deixem de ser uma entidade. 3. Cedam a vossa proteção (sem adesão e alianças)", escreveu Podoliak, que recordou ainda que o Presidente russo, Vladimir Putin, espera que as sanções internacionais sejam levantadas em troca desse acordo.

O conselheiro presidencial ucraniano descreveu a mensagem de Putin como uma "farsa", que, afirmou, mostra que ele quer "não pagar por esta guerra e continuá-la em novos formatos".

O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu hoje ordenar "imediatamente" um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kyiv começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e renunciasse aos planos de adesão à NATO.

"Assim que Kyiv (...) iniciar a retirada efetiva das tropas [das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia], e assim que notificar que está a abandonar os seus planos de aderir à NATO, daremos imediatamente, nesse preciso momento, a ordem para cessar-fogo e iniciar as negociações", disse Putin aos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Estas reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território, além de Kyiv pretender aderir à aliança militar.

Putin fez esta oferta de cessar-fogo na véspera da chamada Cimeira de Paz da Ucrânia, que se realiza este fim de semana na Suíça, e que contará com a presença de representantes de cerca de 100 países e organizações internacionais.

Kyiv pretende obter o maior número possível de apoiantes para a sua Fórmula de Paz, um documento que exige, entre outras coisas, a retirada total da Rússia de todos os territórios que ocupa na Ucrânia.

Num comunicado publicado hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano interpretou o momento em que Putin apresentou a sua proposta como uma tentativa de "impedir" a participação dos líderes internacionais na Cimeira da Paz da Ucrânia, que, segundo a diplomacia ucraniana, servirá para criar uma coligação internacional para avançar para "uma paz justa".

"Putin não quer a paz, mas sim dividir o mundo", acrescenta o comunicado, que qualifica a mensagem do Presidente russo de "absurda" e insiste que as condições propostas pelo Kremlin para um cessar-fogo só significariam "a continuação da guerra" e "a ocupação da Ucrânia".

Entretanto, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, apelou ao Ocidente para que ouça a proposta russa.

"Todas as vezes que o Ocidente rejeitou as nossas propostas, não trouxe nada de bom", afirmou, numa declaração transmitida em direto pela televisão russa.

Lavrov disse que os embaixadores russos "vão entregar o texto do discurso do Presidente às capitais relevantes, explicar o que ele quer dizer" e Moscovo ficará a aguardar "as reações que se seguem".

[Notícia atualizada às 14h28]

Leia Também: Kyiv quer poder usar armas ocidentais em todo o território da Rússia

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