Aquele grupo de partidos pretende igualmente o adiamento das consultas previstas pela junta para adotar uma Carta dos Partidos, uma das recomendações da Conferência Nacional sobre a Refundação, organizada pelos militares em dezembro de 2022 para "construir uma saída para a crise" no Mali.
O país do Sahel, governado por militares desde um duplo golpe de Estado em 2020 e 2021, enfrenta uma grave crise de segurança desde 2012, alimentada pela violência de grupos ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico e de grupos criminosos.
Os militares renegaram o seu compromisso de entregar o poder aos civis no final de março de 2024 e adiaram as eleições presidenciais para uma data ainda desconhecida.
Num comunicado de imprensa, o coletivo de partidos considera haver "rumores de que o processo em curso [sobre a Carta dos Partidos] deverá resultar na dissolução, ou pelo menos na suspensão, das atividades dos partidos políticos, como acaba de acontecer no Burkina Faso e no Níger".
O coletivo declarou ter "solicitado o adiamento das consultas anunciadas" sobre o documento e critica a junta militar por alargar as discussões sobre este documento a outros atores, em vez de o aplicar como recomendado, consideram, pelas reuniões de 2022.
"Porque é que o Governo ainda quer consultar as forças ativas sobre um assunto sobre o qual elas se pronunciaram claramente" em dezembro de 2022, questionam no comunicado.
A carta regula pontos como o número de partidos, "impondo condições para a sua criação", e o papel do líder da oposição.
As atividades dos partidos e associações políticas no Mali foram suspensas de abril a julho de 2024.
A junta militar acusou-os de "discussões estéreis" e de "subversão", invocando o perigo que representavam para um diálogo nacional em curso sobre o futuro político do Mali.
Este conclave, boicotado pelos principais partidos, resultou, em maio de 2024, em "recomendações" que preconizavam a permanência dos militares no poder por "mais dois a cinco anos", bem como a candidatura do atual chefe da junta a uma futura eleição presidencial.
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