"As portas estão abertas para o partido Tisza, mas a decisão não está nas minhas mãos, o PPE decidirá na próxima semana", disse Manfred Weber, numa conferência de imprensa após o encontro com o líder do Tisza, Peter Magyar.
Ao mesmo tempo, Weber mostrou-se satisfeito com o facto de os sete eurodeputados eleitos pelo Tisza quererem juntar-se à família conservadora, referiu o portal independente Hvg.hu, citado pela agência noticiosa EFE.
"Espero que este seja o início de uma bela amizade europeia", disse Magyar, um antigo colaborador do partido Fidesz, no poder, do primeiro-ministro conservador e nacionalista Viktor Orbán, que, em poucos meses, se tornou o líder da oposição do país e, por conseguinte, o principal rival do chefe do Governo.
Magyar prometeu que o seu partido vai procurar uma cooperação construtiva com o PPE e que os seus eurodeputados vão deslocar-se a Bruxelas na próxima semana -- as reuniões dos democratas-cristãos, que venceram as eleições europeias, começam na próxima terça-feira.
"Por vezes, serão críticos no Parlamento Europeu, uma vez que há várias questões sensíveis que dizem respeito à Hungria", admitiu o político conservador.
A Hungria está sob um processo, ao abrigo do primeiro capítulo do artigo 7.º do Tratado, desde 2018, que identifica um "risco claro de uma violação grave" dos princípios fundamentais e obriga o país acusado a explicar a situação em audições regulares.
Magyar recordou que o centro-direita está a ganhar força na Europa, enquanto Orbán "obteve o seu pior resultado numa eleição europeia".
Aludia assim aos 44,8% dos votos que o Fidesz obteve nas eleições do passado domingo, ainda segundo dados provisórios, uma percentagem que, apesar de o manter confortavelmente como o partido mais votado, representou uma queda de oito pontos percentuais em relação ao que conseguiu em 2019 e o pior resultado que o partido de Orbán obteve desde que chegou ao poder em 2010.
O Tisza, que disputou as eleições pela primeira vez no domingo, ficou em segundo lugar com 29,6% dos votos, segundo os dados mais recentes.
O Fidesz fez parte do PPE até 2021, altura em que foi obrigado a abandonar a família política por não respeitar os valores democráticos da União Europeia (UE).
Pouco antes de Weber e Magyar se apresentarem à imprensa, o Partido Democrata-Cristão húngaro, que enviará um eurodeputado ao Parlamento Europeu e que concorre em listas conjuntas com o Fidesz, anunciou que deixará o PPE se o Tisza aderir a este grupo.
O PPE venceu as eleições para o Parlamento Europeu, tendo 190 lugares, enquanto os Socialistas e Democratas, em segundo lugar, elegeram 136 eurodeputados, de acordo com dados oficiais ainda provisórios.
Os grupos políticos vão começar a reunir-se na próxima semana - o PPE é o primeiro, na terça-feira -, para definir a sua constituição, a tempo do início da próxima legislatura, que começa em Estrasburgo, França, em 16 de julho.
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