Putin avançou que os planos sobre esta questão incluem "um maior desenvolvimento da tríade nuclear", a combinação do potencial distribuído por terra, mar e ar entre os mísseis nos silos, os que são transportados em submarinos ou nos bombardeiros estratégicos.
"Os nossos planos incluem um maior desenvolvimento da tríade nuclear como garantia de dissuasão estratégica e equilíbrio de poder no mundo", explicou Putin durante uma reunião com graduados de instituições de ensino superior militar.
"Vamos aumentar as capacidades de combate de todos os ramos das Forças Armadas e colocaremos o orgulho dos nossos projetistas e engenheiros ao serviço do combate", disse o líder do Kremlin (presidência) durante o discurso, relatado pela agência russa TASS.
No entanto, em resposta à possibilidade de novas mudanças fundamentais na doutrina nuclear estratégica da Rússia, Putin descartou, como em ocasiões anteriores, a ideia de Moscovo desencadear um "ataque preventivo", citando o pensamento clássico da chamada "destruição mútua assegurada", na qual "um ataque retaliatório garante a destruição do inimigo", relatou, por sua vez, a rede RBC.
Putin já sublinhou esta mesma ideia no início do mês, durante o Fórum Económico de São Petersburgo: "Nunca iniciamos tal retórica".
Na mesma ocasião, o líder russo vincou que a atual doutrina nuclear reflete que "armas deste tipo só são utilizadas em casos excecionais, sem que tal situação tenha ocorrido até agora".
"Concordo que o uso de armas nucleares poderia (...) acelerar os objetivos da Rússia, mas a saúde do Exército russo na frente é ainda mais importante", disse na altura em declarações também relatadas pela RBC.
Hoje, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a Rússia está aberta ao diálogo com os Estados Unidos, mas as conversações devem abranger "todas as questões importantes", incluindo o envolvimento de Washington na guerra na Ucrânia.
"Estamos abertos ao diálogo, mas a um diálogo amplo e abrangente que aborde todas as questões, incluindo a atual, ligada ao conflito em torno da Ucrânia e ao envolvimento direto dos Estados Unidos", afirmou em declarações à imprensa russa.
O porta-voz defendeu que algumas questões específicas não podem ser isoladas do conjunto geral de problemas acumulados.
Contudo, insistiu: "Em geral há uma grande procura de diálogo, é necessário, porque os problemas acumulam-se, e há muitos problemas ligados à arquitetura de segurança global".
Peskov comentava as recentes declarações de uma fonte do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos à agência russa Sputnik, nas quais indicou que o seu país está disposto a discutir questões de desarmamento nuclear e uma atualização do tratado START.
"É claro que aqueles que fazem estas declarações nem sequer se preocupam em ler atentamente as palavras do Presidente russo", concluiu Peskov.
Os Estados Unidos não só fornecem armas para combater o exército russo em território ucraniano, mas também permitiram o uso de armamento norte-americano contra alvos militares nas regiões russas fronteiriças.
Em fevereiro de 2023, a Rússia congelou o cumprimento do último tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos, o Novo START ou START III, que expira em 2026, e ameaçou retomar os testes nucleares se Washington o fizer também.
Moscovo proibiu anteriormente as inspeções norte-americanas ao seu arsenal nuclear, apontando dificuldades em fazer o mesmo nos Estados Unidos devido às sanções ocidentais.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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