De acordo com as autoridades, os suspeitos foram acusados de homicídio e de terem incendiado uma esquadra da polícia em Madyan, um destino turístico na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão, onde a multidão terá alegadamente matado o homem.
O corpo foi depois incendiado pelos agressores, de acordo com a polícia.
O homem morto foi inicialmente identificado como Mohammad Ismail, mas posteriormente a polícia de Madyan disse que, após investigação, concluiu-se "que o nome era Mohammad Salman".
A família ainda não contactou a polícia para receber o corpo.
Até ao momento não se registou qualquer declaração oficial da polícia de Punjab, onde reside a família da vítima.
No entanto, a mãe de Salman disse numa breve declaração gravada em vídeo que o filho era toxicodependente e costumava bater-lhe, tendo-o expulsado de casa devido a comportamentos violentos.
A mulher acrescentou que é muçulmana e que a família não é responsável por quaisquer "atos ilícitos" cometidos por Salman.
Em Madyan, o chefe da polícia regional, Mohammad Ali Gandapur, disse hoje que os agentes prenderam 23 suspeitos e que estavam a decorrer mais operações de busca para a detenção de "todos os envolvidos na morte de Salman".
O homem assassinado estava alojado num hotel em Madyan quando uma multidão o acusou de blasfémia.
Segundo as autoridades, Salman foi transportado para as instalações da polícia na quinta-feira "por proteção" e estava a ser interrogado quando uma multidão se reuniu à frente à esquadra.
Os manifestantes exigiram que Salman abandonasse o edifício para ser punido por alegadamente ter queimado páginas do Corão.
Os agentes tentaram garantir à multidão que Salman seria julgado se tivesse cometido blasfémia, mas a multidão recusou-se a aceitar as ordens e atacou a esquadra da polícia.
Os agressores raptaram o homem que foi morto na rua.
As acusações de blasfémia são comuns no Paquistão.
De acordo com a lei da blasfémia, qualquer pessoa considerada culpada de insultar o Islão ou figuras religiosas islâmicas pode ser condenada à morte.
Embora as autoridades ainda não tenham executado uma sentença de morte por blasfémia, as acusações podem causar motins e incitar multidões à violência.
Em maio, uma multidão na província de Punjab, no leste do Paquistão, atacou um homem cristão de 72 anos, depois de o ter acusado de profanar páginas do Corão.
Mais tarde, o idoso morreu no hospital para onde foi transportado.
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