O ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acusou, no domingo, Nigel Farage de fazer "propaganda do Kremlin" e lembrou que "só há uma pessoa responsável pela agressão russa contra a Ucrânia", após o líder do Partido Reformista, de direita radical, ter acusado o Ocidente de ter "provocado" o presidente russo, Vladimir Putin.
Em causa está um artigo de opinião do político britânico no jornal The Telegraph, onde reiterou o que tinha afirmado numa entrevista à BBC, no final da semana passada. "Nós provocámos esta guerra", afirmou na BBC.
"Para mim, era óbvio que a expansão cada vez maior da NATO e da União Europeia estava a dar a este homem [Vladimir Putin] uma razão para que o seu povo russo dissesse: ‘Estão a vir atrás de nós outra vez’ e entrasse em guerra", acrescentou, frisando que "é claro que a culpa" é de Putin, que "usou o que fizemos como desculpa".
Para Boris Johnson, as afirmações de Farage são um "disparate anistórico nauseabundo e mais propaganda do Kremlin", frisando que "ninguém provocou Putin". "O povo da Ucrânia votou esmagadoramente em 1991 para ser um país soberano e independente. Tinha todo o direito de pedir a adesão à NATO e à UE", disse numa reação ao artigo do líder do Partido Reformista.
This is nauseating ahistorical drivel and more Kremlin propaganda. Nobody provoked Putin. Nobody “poked the bear with a stick”. The people of Ukraine voted overwhelmingly in 1991 to be a sovereign and independent country. They were perfectly entitled to seek both NATO and EU…
— Boris Johnson (@BorisJohnson) June 23, 2024
Reiterando que "só há uma pessoa responsável pela agressão russa contra a Ucrânia tanto em 2014 como em 2022" e que "essa pessoa é Putin", o ex-governante britânico considerou que "tentar espalhar as culpas é moralmente repugnante e é repetir as mentiras de Putin."
"É bizarro que o autor sugira também que reduzamos agora o nosso apoio à Ucrânia, quando a solução para o conflito é, de facto, clara - os ucranianos têm de vencer e repelir a invasão de Putin. Podem fazê-lo e fá-lo-ão. O problema nos últimos 30 anos não tem sido a provocação ocidental, mas sim a fraqueza ocidental face à agressão russa - uma fraqueza exemplificada por este artigo", atirou.
No artigo, Farage quis esclarecer que não é "apologista ou apoiante de Putin" e a invasão russa da Ucrânia "foi imoral, escandalosa e indefensável". "O que tenho vindo a dizer nos últimos 10 anos é que o Ocidente tem feito o jogo de Putin, dando-lhe a desculpa para fazer o que ele queria fazer de qualquer maneira", acrescentou.
Além de Boris Johnson, também o primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, disse que era "completamente errado" dizer que o Ocidente provocou Putin para lançar uma invasão total da Ucrânia em fevereiro de 2022.
"Este é um homem que colocou agentes neurotóxicos nas ruas do Reino Unido e que está a fazer acordos com países como a Coreia do Norte, e este tipo de argumento é perigoso para a segurança nacional e para a segurança dos nossos aliados, e encoraja Putin ainda mais", avisou Rishi Sunak.
O ex-ministro da Defesa do Partido Conservador, Ben Wallace, afirmou que Farage é "como um chato de bar" que "não compreende a realidade da política".
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