O primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, foi quarta-feira nomeado o próximo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), sucedendo ao norueguês Jens Stoltenberg. Mas quem é Rutte, que desafios enfrenta neste cargo e quais as reações à sua escolha?
A decisão foi anunciada depois de uma reunião do Conselho do Atlântico Norte. "Hoje [ontem], o Conselho do Atlântico Norte decidiu nomear o primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte como próximo secretário-geral da NATO, sucedendo a Jens Stoltenberg", deu conta uma breve nota divulgada pela Aliança Atlântica.
Mark Rutte, de 57 anos, deverá iniciar funções no dia 1 de outubro, quando terminar o mandato de dez anos de Jens Stoltenberg - que foi dos primeiros a reagir a esta nomeação, saudando "calorosamente a escolha dos aliados da NATO". "O Mark é um verdadeiro transatlântico, um líder forte um criador de consensos", frisou.
Rutte agradeceu a confiança nele depositada com a nomeação confirmada pelos 32 países da organização: "A Aliança é e continuará a ser a pedra angular da nossa segurança coletiva. Liderar esta organização é uma responsabilidade que não encaro de ânimo leve", disse, nas redes sociais.
O futuro secretário-geral da NATO, Mark Rutte, agradeceu hoje a confiança nele depositada com a nomeação confirmada pelos 32 países da organização, que considerou ser "a pedra angular" da segurança coletiva ocidental.
Lusa | 10:59 - 26/06/2024
O primeiro-ministro dos Países Baixos era já o único candidato ao cargo, após a desistência do Presidente da Roménia, Klaus Iohannis, em 20 de junho, e o endosso da candidatura de Mark Rutte.
Rutte, homem de consensos (mas sem Defesa no currículo)
Mark Rutte notabilizou-se como primeiro-ministro dos Países Baixos pela capacidade de criar consensos e, embora sem experiência na Defesa, é firme apoiante da causa da Ucrânia contra o invasor russo.
Na sua adolescência queria ser pianista e para isso ponderou frequentar um conservatório, mas acabou por estudar História na Universidade de Leiden, no sul dos Países Baixos, concluindo a sua formação em 1992.
Durante o período académico, iniciou o contacto com a vida política e fez parte da direção da Organização da Juventude para a Liberdade e Democracia, a juventude partidária do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VDD).
O percurso político começou realmente em 1993 quando entrou para a direção nacional do VDD. Dez anos mais tarde, em 2003, foi eleito deputado, mas exerceu aquelas funções apenas entre janeiro e maio desse ano.
Entre julho de 2002 e junho de 2004 foi secretário de Estado no Ministério dos Assuntos Sociais e Emprego e nos dois anos seguintes foi secretário de Estado para o Ensino Superior e Ciência, regressando depois à vida parlamentar.
Foi eleito presidente do VDD em 31 de maio de 2006, mas perdeu as eleições legislativas desse ano, não conseguindo ir além dos 14,67% e dos 22 deputados.
Mas quatro anos mais tarde, em 2010, o VDD venceu as eleições legislativas e conquistou 31 lugares no hemiciclo, tornando-se pela primeira vez o partido mais votado. Mark Rutte cumpriu quatro mandatos consecutivos enquanto primeiro-ministro.
Mark Rutte, próximo secretário-geral da Aliança Atlântica, notabilizou-se como primeiro-ministro dos Países Baixos pela capacidade de criar consensos, e embora sem experiência na Defesa é firme apoiante da causa da Ucrânia contra o invasor russo.
Lusa | 16:57 - 26/06/2024
Que desafios vai Rutte enfrentar?
Mark Rutte terá amplos desafios quando assumir o cargo de secretário-geral da NATO, com a manutenção do apoio à Ucrânia no topo das inquietações.
O neerlandês pode também esperar muito trabalho - além de frear a ameaça colocada à Europa pela liderança de Vladimir Putin no Kremlin -, incluindo mudanças políticas em vários países europeus e noutras geografias e o possível regresso do republicano Donald Trump à Casa Branca.
O neerlandês Mark Rutte terá amplos desafios quando assumir o cargo de secretário-geral da NATO após a sua nomeação ter sido hoje confirmada pelo Conselho da Aliança Atlântica, com a manutenção do apoio à Ucrânia no topo das inquietações.
Lusa | 10:52 - 26/06/2024
"Experiência crucial" e "firmeza". As reações à nomeação
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou ainda ontem a nomeação de Mark Rutte como secretário-geral da NATO e prometeu trabalhar com o primeiro-ministro neerlandês no reforço da parceria com a União Europeia.
"A sua liderança e experiência serão cruciais para a Aliança durante estes tempos difíceis", disse Von der Leyen nas redes sociais, pouco depois do anúncio da escolha de Rutte para suceder ao norueguês Jens Stoltenberg.
Por sua vez, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, felicitou o futuro secretário-geral da NATO, manifestando o "compromisso inabalável" de Portugal na defesa dos princípios consagrados no Tratado do Atlântico Norte.
"Estou confiante de que, com a sua vasta experiência e liderança, continuaremos a reforçar o papel da NATO como garante de paz e segurança, nestes tempos desafiantes. Pode contar com o apoio de Portugal e com o nosso compromisso inabalável na defesa dos princípios consagrados no Tratado do Atlântico Norte", escreveu Luís Montenegro, numa mensagem de felicitações na rede social X.
Já o ministro da Defesa, Nuno Melo, salientou ontem o consenso reunido em torno da escolha de Mark Rutte para secretário-geral da NATO e afirmou que esta escolha em nada altera a posição de Portugal na organização.
"Quando do ponto de vista geopolítico tudo se altera, o consenso generalizado à volta da escolha é um bom sinal, porque a estabilidade na NATO ajuda a melhor enfrentar esses desafios em relação ao futuro", afirmou o governante em declarações aos jornalistas à margem da participação no seminário 'Economia e Defesa'. em Lisboa.
Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, felicitou Rutte pela eleição como secretário-geral da NATO, garantindo que a Ucrânia continuará a trabalhar afincadamente "pela liberdade" na "comunidade euro-atlântica".
"Quando o senhor Mark Rutte assumir o cargo, em outubro, esperamos que o nosso trabalho conjunto para garantir a proteção das pessoas e da liberdade em toda a nossa comunidade euro-atlântica continue a bom ritmo", declarou Zelensky, acrescentando ver no neerlandês um homem "firme e de princípios, que demonstrou a sua firmeza e visão para o futuro em numerosas ocasiões ao longo dos últimos anos".
Quanto ao Kremlin, afirmou ontem que a nomeação do primeiro-ministro cessante neerlandês Mark Rutte como próximo secretário-geral da NATO não deverá conduzir a qualquer alteração da "linha geral" da Aliança Atlântica, que a Rússia considera hostil.
"É pouco provável que esta escolha mude alguma coisa na linha geral da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, aos jornalistas. "Atualmente, esta aliança é hostil para nós", acrescentou.
Por fim, o presidente norte-americano, Joe Biden, salientou estar convencido de que o primeiro-ministro cessante dos Países Baixos, Mark Rute, dará um "excelente" secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Segundo John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, os Estados Unidos estão também "gratos" ao chefe cessante da NATO, Jens Stoltenberg, sob cuja liderança a Aliança "cresceu e se fortaleceu" com uma "unidade sem precedentes" entre os seus 32 países membros.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou hoje estar convencido de que o primeiro-ministro cessante dos Países Baixos, Mark Rute, dará um "excelente" secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Lusa | 16:24 - 26/06/2024
Jens Stoltenberg de saída. Que 'legado' deixa?
Jens Stoltenberg, 65 anos, antigo primeiro-ministro da Noruega, é secretário-geral da NATO desde 1 de outubro de 2014. Sob a sua liderança, a Aliança Atlântica ganhou quatro novos membros ao passar a integrar Montenegro (2017), Macedónia do Norte (2020), Finlândia (2023) e Suécia (2024).
Finlândia e Suécia aderiram à organização de defesa na sequência da guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciada com a invasão russa do país vizinho em fevereiro de 2022.
Recorde-se que a Portugal é um dos 12 países da Europa e da América do Norte que fundaram a NATO em 1949.
Leia Também: Novo líder da NATO satisfeito por liderar "pedra angular" da segurança
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com