Kaja Kallas, do 'pulso firme' da Estónia a líder da diplomacia da UE
A primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, que foi hoje eleita alta-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, foi pioneira na política do seu país e está na 'lista negra' do Kremlin.
© Jonathan Raa/NurPhoto via Getty Images
Mundo UE/Cimeira
Kaja Kallas, de 47 anos, chegou a ser ponderada para secretária-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) pelos aliados. O principal atributo era a sua posição contundente face à Rússia, que precedia a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Filha de Siim Kallas, antigo primeiro-ministro da Estónia e antigo comissário europeu do português Durão Barroso, Kaja Kallas nasceu ainda o seu país fazia parte da União Soviética, pelo que acompanhou a reconquista da independência e todo o processo de integração na UE.
A próxima chefe da diplomacia europeia licenciou-se em Direito pela Universidade de Tartu, em 1999 e em 2007 ingressou numa pós-graduação em Administração Executiva, na Estonian Business School, que concluiu em 2010. Durante estes anos, exercia as funções de advogada e chegou a viver em França e na Finlândia.
Foi eleita deputada pela primeira vez em 2011, pelo Partido Reformista da Estónia, de ideologia liberal e fundado pelo seu pai, mas rumou a Bruxelas para o Parlamento Europeu entre 2014 e 2018, tornando-se uma das deputadas mais influentes no hemiciclo.
No Parlamento Europeu, trabalhou na estratégia para o mercado digital único e foi também uma das responsáveis pelas relações com a Ucrânia, numa altura em que a população daquela antiga república soviética se manifestava nas ruas de Kiev e de outras cidades, exigindo um caminho para a integração europeia.
Em 2017 anunciou que ia aceitar um convite para presidir ao partido de que fazia parte, vencendo as eleições internas em 14 de 2018, tornando-se a primeira mulher líder de um partido na Estónia.
Em 25 de janeiro de 2021, na sequência da queda de um Governo do Partido do Centro, que era apoiado pelos partidos conservadores, o Partido Reformista da Estónia liderado por Kaja Kallas venceu as eleições legislativas, formando uma coligação com os centristas que estavam no poder que fez dela a primeira primeira-ministra no país báltico.
Com uma vida intimamente ligada ao passado soviético do país – a sua mãe foi deportada para a Sibéria com apenas seis anos e só voltou à Estónia com 16 -, Kaja Kallas foi sempre crítica das relações europeias com Moscovo.
Menos de um mês antes da invasão russa, a primeira-ministra da Estónia pediu o fim das trocas comerciais energéticas com a Rússia, especificamente o gasoduto Nord Stream 2. Ainda em janeiro de 2022, a Estónia, que faz fronteira com a Rússia, enviou artilharia para a Ucrânia, antevendo uma invasão que se concretizou poucas semanas depois.
Com uma das posturas mais contundentes em relação à Rússia, Moscovo chegou a incluí-la na 'lista negra', que na prática é uma lista de pessoas procuradas pelo Ministério do Interior russo.
A inclusão na lista e as posições contra a Rússia de Putin valeram-lhe na UE o cognome não oficial de “dama de ferro” – uma alusão à antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher.
A sua posição chegou a ser criticada por alguns chefes de Estado e de Governo europeus, já que Kaja Kallas é favorável a um apoio mais musculado à Ucrânia e chegou a ser considerada uma potencial sucessora de Jens Stoltenberg na NATO.
Mas o seu currículo ficou 'manchado' em 2023 com uma polémica, que fez abalar o Governo e também a força que conquistou como voz contra o Kremlin.
Em agosto de 2023, uma investigação jornalística revelou que o marido de Kaja Kallas, Arvo Hallik, tinha 24,9% das ações de uma empresa de transportes, Stark Logistics, que continuava a transportar matérias-primas para a Rússia depois da invasão e de a primeira-ministra ter exigido o corte de todas as transações com Moscovo.
A empresa gerou, só com a operação para a Rússia, desde o início da invasão, 1,5 milhões de euros em receitas. Depois de pressão pública e política, a primeira-ministra admitiu saber da participação do marido na empresa, mas negou qualquer envolvimento pessoal, explicando que o transporte se destinava a assistir uma empresa da Estónia, a Metaprint, e exigiu o fim das transações.
A empresa corroborou a versão apresentada pela primeira-ministra e insistiu que não contribuiu para a economia russa, negando qualquer violação da lei aprovada pelo Governo de Kallas que proíbe as transações com empresas russas.
O ex-primeiro-ministro português, o socialista António Costa, foi hoje eleito pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio, foi anunciado em Bruxelas.
De acordo com fontes diplomáticas, a decisão foi adotada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da União Europeia (UE) propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que depende porém do aval final do Parlamento Europeu, e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.
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