Igreja Ortodoxa búlgara elege patriarca favorável ao Kremlin

A Igreja Ortodoxa búlgara, tradicionalmente próxima da Rússia, elegeu hoje um novo patriarca, Danaïl, de 52 anos, que assumiu uma posição favorável ao Kremlin após a invasão russa da Ucrânia, noticiou a AFP.

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Lusa
30/06/2024 14:24 ‧ 30/06/2024 por Lusa

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Igreja Ortodoxa

Com 69 votos a favor dos 138 expressos por uma assembleia de delegados e pelo Santo Sínodo, o órgão supremo da Igreja, Danaïl ganhou a eleição sobre o seu rival Grigory, considerado neutro pelos peritos e que recebeu 66 votos. Três votos foram considerados nulos.

O eleito sucede ao carismático Patriarca Neófito, falecido em março, após mais de 10 anos de serviço, e que tinha apelado ao fim da guerra na Ucrânia.

Por seu lado, Danaïl apoiou a invasão russa da Ucrânia numa longa mensagem de vídeo difundida em 2023, segundo os analistas.

Também criticou fortemente a decisão do governo búlgaro, em setembro de 2023, de expulsar o chefe da Igreja Russa em Sofia, o arcebispo Vassian, e dois padres bielorrussos acusados de servir os interesses geopolíticos russos.

A Igreja Ortodoxa búlgara representa mais de dois terços da população.

O patriarca russo Kirill, que apoia a guerra, não participou na cerimónia.

O seu rival na cena internacional, o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, assistiu à sumptuosa cerimónia de entronização do patriarca na igreja de cúpula dourada com o nome do santo russo Alexandre Nevsky, em Sofia.

Em julho de 2023, Bartolomeu celebrou uma missa em Istambul em memória das vítimas da guerra na Ucrânia, na presença do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Em maio de 2022, a Igreja ucraniana anunciou a sua rutura com a Rússia, declarando a sua "total independência" das autoridades religiosas russas.

Nascido Atanas Nikolov, em 02 de março de 1972, o novo patriarca Danaïl é licenciado em Teologia pela Universidade de Sofia. É arcebispo da diocese de Vidin, no noroeste, desde 2018.

Em novembro de 2022, deu instruções aos seus sacerdotes, criticando a tendência para "semear o ódio contra uma das partes beligerantes designada como único agressor".

Desde o fim do comunismo, que impôs o ateísmo, muitos búlgaros voltaram-se para a religião, com 58% a declararem-se crentes, de acordo com uma recente sondagem Gallup.

Membro da União Europeia e da NATO, a Bulgária é um país eslavo e ortodoxo, histórica e culturalmente próximo de Moscovo, mas as relações têm sido tensas desde o início da invasão russa da Ucrânia.

Leia Também: Kaja Kallas, do 'pulso firme' da Estónia a líder da diplomacia da UE

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