"Estas eleições são uma grande brincadeira, porque o Presidente Macron dissolveu o parlamento, mas agora temos dois extremos, a direita [partido União Nacional, RN] e a esquerda [coligação Nova Frente Popular], e penso que para a segunda volta das eleições será muito difícil escolher entre dois partidos de extremos", disse à Lusa Felicien, de 19 anos, após ir votar num dos 12 locais de voto espalhados pela cidade.
Sobre a perspetiva de a França poder tornar-se um país ingovernável, Felicien defendeu que "esse já é o caso", referindo o "alto nível de dívida pública, o dinheiro não está cá, e a nível ecológico não há nada de novo".
"A dissolução [do parlamento] pode dar a possibilidade à extrema-direita de governar e acho que não é uma boa ideia, mas o Presidente Macron é o Presidente Macron", afirmou Felicien, antecipando que nada vai mudar na França.
Nesta região parisiense, onde habitam muitos imigrantes, que por não terem nacionalidade francesa não podem votar, os eleitores de todas as idades deslocam-se calmamente e em grande número às urnas desde as 08:00 (07:00 de Portugal continental).
Jade, de 22 anos, que afirmou à Lusa preferir "os partidos mais à direita", dirigiu-se às urnas "nestas eleições muito complicadas", porque "o partido de extrema-direita tem boas hipóteses de passar à segunda volta".
Assim como Jade, vários eleitores da região mostram apoio ao partido de extrema-direita União Nacional (RN), liderado por Jordan Bardella, que venceu as eleições europeias de 09 de junho em Chennevières-sur-Marne, mas também a nível nacional, o que levou o Presidente francês a dissolver o parlamento.
"Se o partido de extrema-direita passar, acho que vai mudar um pouco, o mesmo com a extrema-esquerda, mas se ficarmos com o mesmo partido de Macron [coligação Juntos -- Ensemble, em francês] nada irá mudar", acrescentou Jade.
Para um casal de 71 e 73 anos, que não se quis identificar, a França "não será um país ingovernável de todo", contudo deixaram críticas ao Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmando que "é inútil e só faz porcaria, teria feito melhor se tivesse terminado o seu mandato".
"Somos a favor da extrema-direita, achamos que eles vão fazer talvez mais do que outros governos fizeram quando tentarem, nunca estiveram no poder, por isso veremos", disse à Lusa a senhora de 71 anos, acrescentando que o futuro do país "depende do partido que for eleito".
Além disso, o casal mostrou a sua oposição à coligação de partidos de esquerda que "já não se dão bem".
"Tinham formado a NUPES [anterior coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social, liderada por Jean-Luc Melénchon], andavam à pancada uns com os outros e agora formaram um grupo", disse a senhora, acrescentando que "é só para conseguirem os seus lugares".
Segundo os dados divulgados pelo Ministério do Interior francês, até às 12:00 locais, cerca de 25,9% dos eleitores já teriam votado, um aumento de 7,5% quando comparado com a primeira volta das últimas legislativas de 2022.
As urnas fecham às 18:00 horas locais na maioria do território, e duas horas mais tarde nas grandes cidades.
Numa sondagem publicada na sexta-feira, o RN possui 36% das intenções de voto, sendo seguido pela Nova Frente Popular 27,5% e em terceiro lugar a coligação presidencial com 20%.
Nestas eleições estão em causa os 577 lugares da Assembleia Nacional (parlamento). Caso nenhum partido consiga mais de 50% dos votos (ou seja, pelo menos 289 eleitos) -- um cenário provável -, haverá uma segunda volta, já marcada para dia 07 de julho.
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