O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, fez, esta sexta-feira, a sua primeira aparição pública desde a tentativa de homicídio de que foi alvo no passado mês de maio. Aproveitou e lançou ataques aos seus opositores liberais e elogios ao homólogo húngaro.
Fico discursou perante a nação, pela primeira vez, para assinalar o Dia dos Santos Cirilo e Metódio, feriado na Eslováquia. O primeiro-ministro eslovaco discursou num palco e os apoiantes aplaudiram-no de pé quando chegava ao Castelo de Devin, na capital.
Recorde-se que o primeiro-ministro eslovaco foi baleado quatro vezes à queima-roupa e esteve hospitalizado durante duas semanas. O ataque aconteceu quando saía de uma reunião governamental realizada na cidade de Handlova.
Robert Fico, de 52 anos, recebeu alta hospitalar no final de maio para continuar a sua recuperação na sua casa na capital, Bratislava. O autor do ataque, identificado apenas como J.C., foi imediatamente detido e enfrenta acusações de terrorismo, tendo o governo eslovaco dito tratar-se de um crime que teve motivação política.
No seu discurso de hoje, Fico, que esteve de pé no palco, atacou aquilo a que chamou ideologias liberais e progressistas e elogiou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, pelas suas recentes viagens a Kyiv e a Moscovo, nos primeiros dias do início da presidência rotativa do Conselho da União Europeia, assumida pela Hungria no segundo semestre.
Fico afirmou mesmo que, se a sua saúde o permitisse, teria gostado de acompanhar o seu homólogo húngaro.
Orbán esteve na terça-feira na capital ucraniana, onde o presidente Volodymyr Zelensky reiterou as suas exigências de retirada total dos russos do território ucraniano e de pagamento de reparações.
Hoje, Orbán encontrou-se com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo, que afirmou ver o primeiro-ministro húngaro como um representante da União Europeia, apesar dos desmentidos de Bruxelas.
A ambiguidade da dupla função de Orbán, chefe do governo húngaro e presidente do Conselho da UE, irritou os parceiros europeus, que apoiam abertamente Kyiv e cortaram relações com a Rússia desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Fico pôs termo à ajuda militar do seu país à Ucrânia após a tomada de posse do seu governo de coligação, em 25 de outubro - também a Hungria recusa apoiar Kiev a combater a invasão russa. Fico também se opõe às sanções da União Europeia contra a Rússia e quer impedir a Ucrânia de aderir à NATO.
Há muito que é uma figura polémica na Eslováquia e não só. Voltou ao poder pela quarta vez no ano passado, quando o seu partido de esquerda Smer (Direção), ganhou as eleições parlamentares de setembro passado, depois de ter feito campanha com uma mensagem pró-Rússia e anti-americana.
Os seus críticos receiam que a Eslováquia abandone o seu rumo pró-ocidental e siga a direção da Hungria.
Milhares de pessoas têm-se manifestado repetidamente na capital, Bratislava, e em toda a Eslováquia para protestar contra as políticas de Fico.
[Notícia atualizada às 23h13]
Leia Também: Trump felicita Farage por eleições (mas ignora novo líder do Reino Unido)