Do apoio a Kyiv às "preocupações". Os detalhes da cimeira da NATO

Portugal prometeu mais 95 milhões de euros para a Ucrânia e, por cá, aumentará o investimento em defesa até 2029. Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a adesão da Ucrânia à Aliança é "irreversível".

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© Celal Gunes/Anadolu via Getty Images

José Miguel Pires
11/07/2024 09:40 ‧ 11/07/2024 por José Miguel Pires

Mundo

NATO

A cimeira da NATO em Washington, nos Estados Unidos, foi palco de vários anúncios e novidades no plano internacional, principalmente em torno da invasão russa da Ucrânia e da adesão de Kyiv à Aliança do Atlântico Norte, na quarta-feira.

Portugal, por seu lado, revelou que vai apoiar a Ucrânia com mais 95 milhões de euros, segundo anunciou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, à chegada à cimeira.

"Vamos acrescentar, ainda este ano, 95 milhões de euros aos 126 que estavam previstos. Será um esforço na casa dos 221 milhões de euros que faremos este ano", contabilizou. Recorde-se que, quando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou Portugal, em maio deste ano, foi assinado um acordo que previa o envio de 126 milhões de euros para Kyiv.

Em simultâneo, Montenegro anunciou que, por cá, Portugal vai aumentar a despesa na Defesa para seis mil milhões de euros em 2029, para atingir os 2% do Produto Interno Bruto acordados com a NATO. "Estamos a falar, portanto, de um esforço acrescido correspondente a cerca de 400 milhões de euros por ano", afirmou.

No plano mais global da NATO, os chefes de Estado e de governo da Aliança comprometeram-se a debitar, pelo menos, 40 mil milhões de euros em apoios, durante o ano de 2025, ao esforço de guerra ucraniano frente à Rússia.

"Os aliados estão a redobrar os seus esforços neste sentido: As despesas com a defesa dos aliados europeus e do Canadá aumentaram 18% em 2024, o que representa o crescimento mais forte em décadas. Além disso, estão a investir mais em capacidades modernas e a aumentar as suas contribuições para as operações, missões e atividades da NATO", lê-se no comunicado final da reunião do Conselho do Atlântico Norte.

Nele, argumenta-se que "será necessário dedicar mais de 2% do PIB em gastos com a defesa para remediar as atuais insuficiências" que se vivem.

Caminho de adesão da Ucrânia à NATO é "irreversível"

Em simultâneo, foi declarado um "caminho irreversível" para a adesão da Ucrânia à aliança militar.

Esta adesão "não é uma questão de se, mas de quando", disse o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acrescentando: "A não ser que queiramos que a Ucrânia perca, a não ser que nos queiramos curvar perante [o Presidente russo, Vladimir] Putin, temos de mostrar compromisso".

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O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, qualificou hoje de "irrealista" uma futura adesão da Ucrânia à NATO, considerando que provocaria uma "ameaça de guerra" com a Rússia.

Lusa | 18:39 - 10/07/2024

Há, porém, quem não esteja tão confiante que a entrada da Ucrânia na NATO seja uma certeza tão vincada. É o caso do ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjarto, que disse que a proposta é "irrealista".

"Estão a tentar planear a aproximação da Ucrânia à NATO de tal forma que toda a gente com bom senso sabe que a adesão do país está fora de questão no futuro", afirmou o responsável, citado pelo jornal Magyar Hirlap.

NATO preocupada com "aprofundamento da parceria entre Rússia e China"

Numa altura em que os aliados da NATO expressou "profundas preocupações" com "o aprofundamento da parceria estratégica entre a Rússia e a China, bem como as suas tentativas combinadas de desestabilizar e remodelar a ordem internacional baseada no direito", o secretário-geral da NATO defendeu que é "do interesse" dos Estados Unidos permanecer na Aliança Atlântica.

Guerra na Ucrânia. China acusa NATO de

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A China exortou hoje a NATO a deixar de "incitar ao confronto" entre blocos, depois de a aliança transatlântica ter acusado o país asiático de prestar assistência crucial à Rússia na invasão da Ucrânia.

Lusa | 06:06 - 11/07/2024

O apelo de Jens Stoltenberg surge numa altura em que os EUA se preparam para eleger o seu próximo presidente, nas eleições de novembro. O tema 'Joe Biden vs. Donald Trump' tem sido, aliás, alvo de várias conversações à margem da cimeira da NATO, até porque, no passado, o antigo presidente republicano já sugeriu que poderia esfriar o papel de Washington na Aliança.

"Nunca [NATO] vamos ser ultrapassados, não podemos ser ultrapassados quando se trata da nossa prontidão", defendeu o atual líder do governo norte-americano, Joe Biden, quando "a Rússia está numa guerra e está a aumentar a sua produção de armamento, de munições, de veículos de combate, com a ajuda da China, da Coreia do Norte e do Irão".

Na sequência das "preocupações" demonstradas pelos membros da NATO na cimeira de Washington, um porta-voz da missão chinesa junto da União Europeia (UE) expressou "forte insatisfação", denunciando o comunicado final da reunião como "imbuído de mentalidade de Guerra Fria e de retórica belicosa".

"A NATO deve deixar de fazer alarido sobre uma suposta ameaça da China, deixar de incitar ao confronto e à rivalidade e dar um maior contributo para a paz e a estabilidade no mundo", disse Pequim, em comunicado, acusando a NATO de "calúnias".

Leia Também: Intensa discussão sobre Biden e Trump à margem de Cimeira da NATO

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