O primeiro-ministro Luís Montenegro voltou esta quinta-feira a reafirmar-se "do lado da Ucrânia" na sequência da guerra desencadeada pela Rússia em fevereiro de 2022, reiterando abertura para "receber a Ucrânia" na NATO.
"Em todas estas oportunidades tem sido reafirmada toda a disponibilidade e todo o empenho da NATO e dos seus parceiros em estar ao lado da Ucrânia, não permitindo nunca esta agressão sem justificação da Rússia à soberania de um Estado", começou por afirmar Montenegro, numa declaração à comunicação social portuguesa no último dia da cimeira da NATO, em Washington, nos Estados Unidos.
Por isso, "defender a segurança dos Estados-membros da NATO não passa apenas e só por operações militares, por prontidão das nossas forças para poder eventualmente acudir a alguma zona de conflito, a algum ataque que coloque em causa a segurança dos Estados-membros", considerou.
Neste sentido, considerou que a questão da segurança "é muitas vezes colocada em crise noutras dimensões", pelo que é "necessário cooperarmos mais" e "estabelecermos políticas concretas" para enfrentar ataques que advêm de "um espaço novo, digital, cibersegurança, a desinformação, as campanhas que suscitam adesão de algumas pessoas e Estados maior extremismo e maior ameaça".
Não obstante, o chefe de Governo destacou uma iniciativa de Portugal, de incluir nesta cimeira "de um plano de ação relativamente ao Sul", que, afirmou, "se enquadra na visão de uma aliança transatlântica".
A NATO é a organização que assegura a nossa segurança e que contribui para que todo o nosso espaço territorial e marítimo possa ter as garantias de que a nossa soberania não é colocada em causa e de que a independência e autonomia do Estado português será preservada
Os líderes da NATO concordaram nomear um representante especial para o flanco sul para coordenar as relações com o norte de África e o Médio Oriente, face a possíveis ameaças como redes de contrabando de migrantes ou terrorismo.
Este trabalho resulta do trabalho desenvolvido pelo grupo de reflexão constituído há um ano, em Vilnius, para estudar os desafios, ameaças e oportunidades na vizinhança meridional da aliança, e que foi liderado pela investigadora portuguesa Ana Santos Pinto.
"Estamos atentos aos movimentos das forças que não se identificam com os valores da aliança atlântica e vão tentando disseminar e aproveitar a debilidade de alguns Estados para incrementar", salientou.
Por fim, o primeiro-ministro português aproveitou o momento para "reiterar o compromisso de Portugal, não só em contribuir para o esforço de apoio militar, político ou técnico, de treino ou manutenção de vários equipamentos das forças ucranianas", mas também financeiro, assim como "transmitir de forma credível e empenhada, para não falhar, um plano de investimentos que seja adequado para o compromisso estabelecido dentro da NATO", referindo-se à meta que já anunciou de atingir, em 2029, um investimento na defesa de cerca de 6.000 milhões de euros que corresponda aos 2% do PIB acordados entre os aliados.
"A NATO é a organização que assegura a nossa segurança e que contribui para que todo o nosso espaço territorial e marítimo possa ter as garantias de que a nossa soberania não é colocada em causa e de que a independência e autonomia do Estado português será preservada", observou Montenegro, salientando que um ataque a outro Estados-membro é também "um ataque a todos nós".
Neste âmbito, Luís Montenegro disse também que "estamos abertos" para "receber a Ucrânia" na 'família NATO'. Por isso, "temos de assumir uma posição de membros efetivos no plano político e diplomático", mas também do esforço militar do país liderado por Volodymyr Zelensky.
"E também do ponto de vista de um objetivo estratégico que o Governo assume: fazer das indústrias de defesa e de todas aquelas que se interligam com ela uma oportunidade para termos um novo 'cluster' na nossa economia, onde possamos ser competitivos aproveitando a capacidade tecnológica, cientifica para estarmos na vanguarda da inovação", referiu.
Esta semana, na cimeira, Montenegro já tinha afirmado que o apoio do país à Ucrânia irá atingir 220 milhões de euros este ano, valor que se repetirá em 2025.
Portugal é um dos 12 países da Europa e da América do Norte que fundaram a NATO em 1949.
[Notícia atualizada às 20h02]
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