Donald Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato, este sábado, num ataque que culminou com o candidato às eleições dos Estados Unidos a ser escoltado pela segurança, enquanto sangrava de uma orelha.
O incidente aconteceu dias antes da Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, no estado de Wisconsin, e onde este deverá ser confirmado como candidato presidencial do partido.
O homem, visto por muitos como um "vilão", salvou-se por pouco de um disparo que se supõe que estivesse apontado à cabeça. Visto agora como "um mártir", será que este incidente vai dar uma nova vida a Donald Trump e pôr por terra qualquer esperança que os democratas tivessem de vencer as eleições nos EUA?
Como tudo aconteceu...
Donald Trump foi vítima de uma tentativa de assassinato no sábado, durante um comício, na Pensilvânia. Atingido a tiro numa orelha, o ex-presidente foi retirado do palco onde decorria o seu último comício antes da convenção do Partido Republicano, onde será oficialmente nomeado candidato do partido às eleições de novembro para a Casa Branca.
O FBI identificou o atirador como sendo Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos, de Bethel Park, na Pensilvânia, a região onde ocorreu o atentado falhado.
O rapaz disparou vários tiros contra o palco onde estava Trump a partir de uma "posição elevada fora do local do comício", disse o FBI, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).
A arma usada no tiroteio pode ter pertencido ao pai do suspeito, enquanto o motivo continua por esclarecer.
... e o que se segue
O ataque aconteceu dois dias antes da Convenção Nacional Republicana, que arranca hoje na cidade norte-americana de Milwaukee. "Não devia estar aqui, devia estar morto", disse o republicano, a caminho do evento, fazendo referência ao evento que pode ter mudado o rumo das eleições norte-americanas.
Como já nos habituou, Trump não só manteve a sua agenda, como não deixou de aproveitar o ataque de que foi alvo para provar como saiu mais forte da experiência. "O médico do hospital disse que nunca tinha visto nada assim, chamou-lhe um milagre", disse, considerando que uma das fotografias que lhe tiraram após o ataque "é icónica".
"Muitas pessoas dizem que é a fotografia mais icónica que alguma vez viram. Têm razão e eu não morri. Normalmente, é preciso morrer para se ter uma fotografia icónica", comentou sobre a imagem em que aparece a levantar o punho e a dizer "Fight" (luta) várias vezes.
As suas declarações vão de encontro aos que acreditam que Trump "vai beneficiar muito" com este ataque, tal como o defendeu na noite deste domingo, Luís Marques Mendes.
"Primeiro, porque muda de estatuto e posição. Até agora, era visto como o vilão. A partir de agora, vai ser visto como mártir, vítima e herói", considerou o comentador português.
Joe Biden entra (várias vezes) em cena para condenar ataque
Perante isto, e para não perder espaço na corrida eleitoral, não é de admirar que Joe Biden, tenha vindo rapidamente a público reagir... por várias vezes.
Logo no sábado, Joe Biden disse "estar grato" por saber que o seu adversário estava bem. "Estou a rezar por ele", afirmou, referindo em seguida "que não há lugar para este tipo de violência na América".
Já mais tarde, voltou a falar, em conferência de imprensa, para anunciar que tinha falado com Trump ao telefone e que ordenou uma análise independente da segurança nacional no comício para "avaliar exatamente o que aconteceu", acrescentando que as conclusões serão partilhadas com o público.
"Por mais fortes que sejam as nossas convicções, nunca devemos permitir que elas resultem em violência. (...) É altura de nos acalmarmos", afirmou, numa comunicação feita já no domingo à noite a aparitr da Sala Oval, da Casa Branca.
Convenção dará nova vida a Trump?
"Devido aos terríveis acontecimentos, tinha previsto adiar por dois dias a minha viagem para Milwaukee", escreveu Trump na rede Truth Social, "mas não vou deixar que um atirador ou assassino me imponha uma mudança de calendário", afirmou Donald Trump antes de embarcar rumo à convenção que começa hoje.
O evento contará com medidas de segurança redobradas e para já presume-se que haverá uma mudança de postura de Trump, ou pelo menos assim o fez crer o próprio.
Ao jornal Washington Examiner, o ex-presidente garantiu que reescreveu completamente o discurso para a convenção, de forma a abordar este momento e a defender a unidade do país. "Esta é uma oportunidade para unir todo o país, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente, muito diferente do que teria sido há dois dias".
Trump afirmou que tinha "preparado um discurso extremamente duro" sobre a "horrível administração [do Presidente Joe] Biden", mas abandonou esse por um discurso que esperava "unisse o país".
Mudado o discurso, fica por saber como é que este evento mudará o rumo das eleições norte-americanas, que decorrem em novembro.
Leia Também: FBI detalha investigação inicial. Da família "cooperante" às hipóteses