"Todas as escolas secundárias, colégios, seminários islâmicos e institutos politécnicos serão encerrados até nova ordem para garantir a segurança dos estudantes", declarou o porta-voz do Ministério da Educação bengali, A. Khair.
Pelo menos três pessoas foram hoje mortas no decurso de violentos protestos no Bangladesh contra a imposição de quotas para os cargos mais elevados da função pública, afirmaram polícia e manifestantes.
A polícia disparou gás lacrimogéneo e balas de borracha quando grupos de estudantes exigiam a supressão das quotas e enfrentavam uma contramanifestação de apoiantes da Liga Awami, o partido no poder, munidos de bastões e lançando pedras.
Na véspera, cerca de 400 pessoas tinham ficado feridas em confrontos com os seus oponentes.
Na cidade portuária de Chittagong, sudoeste do país, um estudante e um operário foram mortos, declarou Ala Uddin, inspetor da polícia no hospital Chittagong Medical College.
Em Rangpur, cidade do norte do país, o comissário da polícia Mohammad Moniruzzaman declarou à agência noticiosa AFP que um estudante foi morto nos confrontos, sem fornecer detalhes. Yunus Ali, diretor do hospital Rangpur Medical College, afirmou que o estudante "foi conduzido ao hospital por outros estudantes", acrescentando que "o seu corpo exibia ferimentos".
Na terça-feira, grupos de estudantes rivais desfilaram em diversos locais de Daca, agredindo-se mutuamente com tijolos.
"Manifestaram-se em pelo menos uma dezena de lugares da capital", declarou à AFP o porta-voz da polícia metropolitana de Daca, Faruk Hossain.
Centenas de estudantes concentraram-se noutras regiões do Bangladesh, bloqueando vias férreas e autoestradas.
Há semanas que os estudantes promovem manifestações quase diárias para exigir ao Governo o abandono do sistema de quotas para empregos no funcionalismo público, e exigem um sistema baseado no mérito.
Este sistema destina-se a reservar mais de metade dos postos de funcionários bem remunerados e muito requisitados a determinadas categorias da população, uma medida que os estudantes consideram discriminatória.
Desta forma, 30% dos postos de funcionários seriam reservados às crianças que se envolveram na luta independência do Bangladesh em 1971, hoje na idade adulta, 10% para as mulheres e 10% para distritos específicos.
Na perspetiva dos contestatários, apenas deveriam ser mantidas as quotas destinadas às minorias étnicas e às pessoas deficientes (6% dos lugares).
Os críticos também consideram que este sistema de quotas se destina a favorecer os apoiantes da primeira-ministra Sheikh Hasina. Na liderança do país desde 2009, venceu em janeiro passado as suas quartas eleições legislativas consecutivas, num escrutínio boicotado pela oposição que o definiu de "simulacro".
Os confrontos de segunda-feira foram os mais violentos desde o início do movimento.
A Amnistia Internacional (AI) condenou estas violências e exortou o Bangladesh a "garantir imediatamente a segurança de todos os manifestantes pacíficos".
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, também denunciou as "violências contra manifestantes pacíficos".
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