Hanan Balkhy indicou, numa conferência de imprensa em Genebra, Suíça, que a falta de água potável e de medidas de higiene nas zonas de refúgio destas populações deslocadas contribuíram para o aumento dos casos destas doenças em vários estados do Sudão.
"As pessoas que vivem nos estados de Darfur, Cordofão, Cartum e Al Gezira estão basicamente isoladas de qualquer assistência humanitária", acrescentou.
Balkhy manifestou especial preocupação com a situação na cidade de Al Fasher, o último reduto do exército sudanês no Darfur, onde cerca de 800.000 pessoas têm pouco acesso a alimentos e a cuidados de saúde.
Tal como noutras zonas da região afetadas pelo conflito, Balkhy denunciou os frequentes ataques das partes em conflito às instalações de saúde, com 82 ataques desde o início das hostilidades em abril de 2023, resultando em 54 mortes.
Desde abril de 2023, uma guerra opõe o exército sudanês, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, às forças paramilitares de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do seu antigo adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo.
Ambas as partes foram acusadas de crimes de guerra neste conflito, que causou dezenas de milhares de mortos e deslocou mais de dez milhões de pessoas, segundo as Nações Unidas.
Enquanto a guerra prossegue sem tréguas, a distribuição da ajuda humanitária enfrenta "obstáculos administrativos, de segurança e logísticos", afirmou o representante da OMS no Sudão, Shible Sahbani.
Apesar dos obstáculos, "a OMS distribuiu 510 toneladas de medicamentos e equipamento de ajuda entre janeiro e julho", disse, acrescentando que "dois camiões entraram na semana passada no Darfur do Norte vindos do Chade e sete camiões estão a caminho do Darfur vindos do Porto do Sudão".
Segundo Sahbani, com base nos testemunhos de refugiados que encontrou no Chade, a fome é atualmente a principal razão pela qual os sudaneses estão a fugir do seu país.
Cerca de 25,6 milhões de pessoas, mais de metade da população, enfrentam uma "insegurança alimentar aguda" no Sudão, de acordo com um relatório, do final de junho, apoiado pela ONU.
As agências humanitárias alertaram para o facto de que é apenas a dificuldade de acesso aos dados no terreno que impede que a fome seja oficialmente declarada no Sudão.
O exército e as RSF foram acusados de obstruir a ajuda humanitária e de quase destruir um sistema de saúde já de si frágil.
Leia Também: Quase 500 mortos em confrontos armados entre janeiro e março no Sudão do Sul