Centenas de manifestantes, que estão contra as quotas de contratação na função pública, entraram em confronto com polícia de choque, que disparou balas de borracha, e perseguiram a polícia que se refugiou na sede da BTV em Daca, a capital.
Os manifestantes atearam fogo à receção da sede da televisão e a dezenas de veículos estacionados no exterior, referiu à agência France-Presse (AFP) fonte da BTV, que falou sob condição de anonimato.
Um responsável da estação disse à AFP que os funcionários conseguiram evacuar o edifício em segurança, mas que a transmissão tinha sido interrompida.
A primeira-ministra Sheikh Hasina condenou a morte de manifestantes num discurso transmitido pela televisão na quarta-feira e prometeu que os responsáveis seriam punidos independentemente da sua filiação política.
Mas a violência aumentou hoje quando a polícia tentou novamente dispersar os protestos com balas de borracha e bombas de gás lacrimogéneo.
Pelo menos 25 pessoas, incluindo um jornalista, morreram, além das sete mortes relatadas no início da semana, segundo uma contagem hospitalar compilada pela AFP, registando-se também centenas de feridos.
As armas policiais "não letais" são a causa de mais de dois terços destas mortes, segundo descrições fornecidas à AFP pelos hospitais.
Novos confrontos eclodiram em várias cidades do Bangladesh ao longo do dia, enquanto a polícia antimotim atacava os manifestantes, que iniciaram uma nova ronda de bloqueios humanos em estradas e autoestradas.
Didar Malekin, do meio de comunicação 'online' Dhaka Times, disse à AFP que Mehedi Hasan, um dos seus repórteres, foi morto enquanto cobria os confrontos em Daca.
Os protestos quase diários exigem o fim do sistema de quotas que, segundo os opositores, beneficia os jovens dos grupos que apoiam Sheikh Hasina, de 76 anos, que governa o país desde 2009.
Mubashar Hasan, especialista em Bangladesh da Universidade de Oslo, na Noruega, disse que os protestos se transformaram numa expressão de descontentamento generalizado com o regime.
Ao final de mais um dia de violência, a Internet foi praticamente cortada no país, adiantou a NetBlocks, uma organização de monitorização de redes.
Os cidadãos do país asiático relataram cortes na Internet móvel em todo o país, dois dias depois de ter sido cortado o acesso ao Facebook, a principal plataforma para organizar a campanha de protesto.
O vice-ministro das Telecomunicações, Zunaid Ahmed Palak, disse à AFP que o Governo ordenou o corte da rede para evitar "rumores, mentiras e desinformação".
Paralelamente à repressão policial, manifestantes e estudantes aliados da Liga Awami, partido no poder, também entraram em confronto nas ruas com tijolos e varas de bambu.
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