Kamala Harris mobiliza democratas e ajuda o partido no Congresso

A entrada da vice-Presidente Kamala Harris na corrida presidencial dos Estados Unidos está a mobilizar os democratas e a dar novo fôlego às candidaturas de congressistas e senadores do partido.

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Lusa
26/07/2024 19:18 ‧ 26/07/2024 por Lusa

Mundo

EUA/Eleições

Um dia depois de Kamala Harris ter entrado na corrida à Casa Branca, o gabinete de campanha da congressista democrata Dan Kildee, no Michigan, viu 650 pessoas inscreverem-se como voluntárias.

 

Na noite seguinte, no Nevada, o deputado Steven Horsford registou outros 600 voluntários no seu distrito, na zona de Las Vegas.

Os eleitores da congressista Madeleine Dean, da Pensilvânia, mostravam entusiasmo e a congressista do New Hampshire Annie Kuster sentiu o mesmo entusiasmo.

No final da semana, a equipa do congressista Jan Schakowsky, do Illinois, tinha 400 voluntários prontos para fazer campanha pelos democratas nos estados vizinhos de Michigan e Wisconsin.

Semanas de desespero entre os congressistas democratas de que Biden não só perderia a Casa Branca, como também arrastaria consigo para uma derrota os candidatos ao Congresso, desapareceram num ápice.

A inércia estática da campanha de 2024 estava a transformar-se em energia política cinética depois de Harris ter tomado conta do partido, atordoado o 'establishment' e abalado a corrida contra o candidato republicano Donald Trump.

Os comités de campanha do Congresso para os democratas da Câmara de Representantes e do Senado reportaram um valor recorde de um milhão de dólares (cerca de 900 mil euros) por dia para donativos 'online'.

A reviravolta, a pouco mais de 100 dias da eleição, faz renascer a esperança do partido de reconquistar a Câmara de Representantes (perdida para os republicanos) e de lutar para manter a maioria no Senado.

Em vez de ser visto simplesmente como uma última linha de defesa contra Trump, o potencial para vitórias democratas mais amplas está a surgir, apesar das afirmações republicanas de que o impulso de Harris é um momento que pode não ser duradouro.

A Câmara de Representantes, em particular, tem vindo a recuperar da caótica evolução dos acontecimentos.

A angústia do partido sobre a capacidade de Biden para conseguir derrotar Trump tornou-se pública depois de o seu desempenho desastroso no debate ter colocado em dúvida a sua idade, 81 anos, e a sua capacidade de cumprir outro mandato.

Agora, a candidatura de Harris está a mudar o sentimento: para alguns, a energia e o entusiasmo que testemunham fazem lembrar 2008, quando um jovem senador norte-americano, Barack Obama, impulsionou a sua improvável candidatura à Casa Branca com uma nova coligação de Democratas, alimentada em parte por jovens.

Os republicanos que lideram as sondagens para a Câmara e para o Senado estão a apressar-se a redefinir o confronto presidencial, procurando nova estratégia para combater Harris.

Os estrategas do Partido Republicano acreditam que a súbita onda de apoio a Harris irá desaparecer e os republicanos gostam da perspetiva de substituir um candidato idoso por uma "liberal de São Francisco", numa referência ao local de origem política da vice-Presidente.

"Toda esta lua-de-mel de curta duração de Harris acabou", disse o senador republicano Steve Daines, do Montana, líder do Comité Nacional Republicano do Senado.

"A idade era o problema para Biden. A questão para Kamala Harris serão as suas políticas de extrema-esquerda", disse Daines.

Jack Pandol, porta-voz do Comité Nacional Republicano do Congresso da Câmara, disse que os democratas da Câmara estão a alinhar com a "agenda radical de Harris para refazer a América à imagem de São Francisco" e correm o risco de perder o poder.

A dinâmica está a ser posta à prova em tempo real, à medida que os legisladores em lugares competitivos observam o terreno político a tremer sob eles na corrida presidencial.

"Vimos uma diferença da noite para o dia em todos os aspetos da minha campanha", disse o congressista democrata Pat Ryan, de Nova Iorque, que estava entre cerca de três dezenas de democratas no Congresso que pediram publicamente a Biden que passasse o testemunho.

A angariação de fundos, o apoio popular e a energia voluntária dispararam desde a transferência de testemunho para Harris, segundo Ryan.

Contudo, nem todos os democratas no Congresso queriam que Biden terminasse a sua campanha para um segundo mandato.

A congressista democrata Maxine Waters, de um influente grupo no partido, disse ter ficado perturbada com os apelos para que Biden se afastasse depois de tudo o que disse que ele fez como Presidente.

Em particular, alguns congressistas temiam que Harris fosse lançada na luta sem o apoio partidário adequado ou fosse simplesmente preterida, uma vez que a presidente emérita da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e outros democratas proeminentes pediram inicialmente uma primária aberta se Biden fosse substituído.

Mas assim que Biden decidiu que era "no melhor interesse do partido e do país" terminar a sua candidatura, mesmo alguns dos mais resistentes à mudança saudaram o resultado.

"Ele apoiou uma mulher -- uma mulher negra -- e isso atraiu toda a gente para um novo tipo de possibilidade que poderia acontecer neste país", disse Waters.

Leia Também: Trump recusa agendar debate com Kamala ("até" candidatura ser oficial)

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