"As promessas feitas ao povo são um possível fracasso, o que torna necessário remodelar o Governo para tentar formar um mais eficaz. É por isso que pedimos a demissão da primeira-ministra e aceitamos essa demissão", disse Obiang, de acordo com um comunicado de imprensa divulgado sexta-feira à noite pelo Gabinete de Informação e Imprensa daquele país africano.
Segundo Obiang, que governa o país há 45 anos, "a ambição desmedida de enriquecimento, a ocultação e a má utilização dos recursos constituem a tónica da situação atual do Governo".
A Guiné Equatorial vive uma "crise económica sem precedentes" e uma das razões para isto acontecer é a "falta de vontade" e os "excessivos vícios e abusos" dos atuais membros do Executivo, segundo o Presidente.
"Na campanha para as últimas eleições, foram feitas promessas ao povo que até agora não foram cumpridas (...). Há desafios iminentes, teorias e pregações que não conduzem a resultados favoráveis e não são suficientes para resolver as ações administrativas que se esperam de cada departamento", acrescentou.
Relativamente à situação financeira da Guiné Equatorial, Obiang avisou que vai tomar "medidas drásticas para resolver o possível colapso da economia".
"As reservas estão esgotadas", afirmou.
Por seu lado, Roka Botey justificou a demissão de toda a sua equipa com "os grandes desafios económicos que o mundo em geral enfrenta" e a Guiné Equatorial em particular.
Reiterou também a sua "adesão inabalável" a Obiang, "à sua pessoa, à sua linha política e ao Partido Democrático da Guiné Equatorial".
"Comprometemo-nos a permanecer sempre ligados e disponíveis às ordens de sua excelência para continuarmos a colaborar e a contribuir para a grande tarefa de construir e desenvolver cada vez melhor o nosso país, a Guiné Equatorial", afirmou a primeira-ministra e coordenadora da administração.
Roka Botey é a primeira mulher a ocupar este cargo, tendo sido nomeada a 31 de janeiro de 2023.
Após a demissão em bloco, os 81 membros do Governo (28 ministros de Estado e ministros, 10 vice-ministros, 20 vice-ministros e 23 secretários de Estado) estão agora em funções.
Obiang agradeceu a todos eles os "serviços prestados" e recomendou que aqueles que não fizerem parte do próximo Governo procurem outras ocupações, "como a agricultura, a criação de pequenas e médias empresas, bem como a industrialização das suas respetivas empresas".
O vice-presidente equatoguineense, Teodorín Nguema Obiang, também informou na rede social X a dissolução do Governo após o Conselho de Ministros realizado esta sexta-feira no Palácio do Povo, em Malabo.
"Esta decisão responde à necessidade de revitalizar a gestão dos assuntos públicos do país", disse.
Desde a sua independência de Espanha em 1968, a Guiné Equatorial é considerada pelas organizações de defesa dos direitos humanos como um dos países mais corruptos e repressivos do mundo.
Teodoro Obiang Nguema, de 82 anos, governa o país com 'mão de ferro' desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macías num golpe de Estado, sendo o Presidente que está há mais tempo no poder no mundo.
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