O juiz determinou que a audição será feita no Palácio da Moncloa, a sede da Presidência do Governo espanhol e residência oficial do primeiro-ministro, numa decisão inédita na história recente de Espanha.
O magistrado decidiu ainda que a declaração de Sánchez será gravada e que o acompanharão nesta deslocação à Moncloa um procurador do Ministério Público e uma advogada do partido de extrema-direita Vox, em representação das "acusações populares" que se constituíram neste caso.
Sánchez disse na semana passada, numa comunicação escrita enviada ao tribunal, estar disponível para testemunhar, mas pediu para o fazer por escrito, invocando que é isso que prevê a lei em Espanha em casos relacionados com o exercício do cargo de chefe do Governo.
O juiz recusou o pedido, com o argumento de que Sánchez foi convocado na qualidade de marido de Begona Gómez e não como primeiro-ministro.
A investigação de que é alvo Begoña Gómez tem como base queixas de associações ligadas à extrema-direita e centra-se, em particular, na sua relação profissional com um empresário cujas empresas negociaram ajudas públicas ou participaram em concursos públicos num período em que Pedro Sánchez já era primeiro-ministro.
Em linha com as conclusões de dois relatórios da investigação policial, o Ministério Público considerou não haver fundamentos no caso e pediu o arquivamento, não havendo ainda resposta a este recurso.
Já o juiz de instrução considerou haver indícios suficientes para continuar com a investigação e tem chamado diversas pessoas para prestar declarações.
Sánchez foi chamado a prestar declarações neste caso na sequência de um pedido feito ao juiz pelas "acusações populares", que são encabeçadas pelo Vox.
Pedro Sánchez e o Partido Socialista espanhol (PSOE), que lidera, têm reiterado não haver nada que fundamente esta investigação judicial e que está em causa uma perseguição política e pessoal ao chefe do Governo e à sua família.
Juntamente com a lei de amnistia para os independentistas catalães, este caso é há várias semanas o principal alvo de ataque ao primeiro-ministro por parte da oposição.
Este caso foi também o motivo que levou Sánchez a ponderar demitir-se no final de abril, afirmando-se vítima, com a família, de uma "máquina de lodo" que difunde mentiras e desinformação na Internet que são depois levadas para o debate político pela direita e pela extrema-direita e judicializadas com queixas de associações extremistas.
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