Tradicionalmente, o processo de escolha de um candidato a vice-presidente é um processo que dura vários meses, para permitir um exame cuidadoso ao seu passado, ao seu trajeto político e profissional e as suas contas bancárias.

Contudo, após ter sido chamada para substituir o Presidente Joe Biden na candidatura democrata a pouco mais de cem dias das eleições -- marcadas para 05 de novembro -- Harris vai ter de apressar este processo.

Segundo vários meios de comunicação norte-americanos, Kamala Harris anunciará o nome do seu parceiro até 07 de agosto, menos de 20 dias após o lançamento da sua campanha.

Há muitos rumores sobre qual a candidatura que Harris irá escolher, mas os observadores políticos parecem concordar que será provavelmente um homem branco, para tentar alargar a base eleitoral da candidata que, se for eleita, será a primeira mulher negra a tornar-se Presidente dos Estados Unidos.

"Uma das características da escolha dos vice-presidentes é muitas vezes a procura de uma espécie de equilíbrio", explicou Joel Goldstein, professor de Ciência Política na Universidade de Saint-Louis.

Para já, continuam a correr nos 'media' cinco nomes: quatro governadores -- Josh Shapiro (Pensilvânia), Roy Cooper (Carolina do Norte), Andy Beshear (Kentucky), Tim Walz (Minnesota) -- e um ex-astronauta que se tornou senador, Mark Kelly.

O processo de seleção deste nome está a ser escrutinado ainda mais de perto, uma vez que o companheiro de candidatura escolhido por Donald Trump está a ser alvo de críticas muito fortes.

O ex-Presidente republicano anunciou em meados de julho que iria escolher J.D. Vance, um jovem senador com um perfil bastante atípico, para o apoiar na sua terceira campanha à Casa Branca.

Mas este político do Ohio viu a sua popularidade cair a pique nas últimas semanas devido, em particular, ao ressurgimento de vários vídeos, potencialmente prejudiciais para a sua candidatura com Donald Trump.

Num deles, o ex-autor de livros 'best-sellers' ironiza sobre as mulheres que optam por viver sem companheiro ou filhos, geralmente na companhia de gatos, num episódio que tem sido muito criticado.

Noutros vídeos, J.D. Vance aparece a criticar Donald Trump, candidato a quem agora jura absoluta lealdade.

Para Joel Goldstein, a turbulência em que J.D. Vance está mergulhado ilustra o quão delicado é o processo de seleção de um candidato a vice.

"As primeiras perguntas a fazer são acima de tudo: será que consegue sobreviver a um escrutínio intenso? É um Presidente plausível?", argumentou este especialista.

Nos Estados Unidos, o cargo de vice-Presidente destina-se, na verdade, principalmente a substituir o Presidente em caso de morte ou demissão.

No total, nove vice-presidentes tornaram-se presidentes nestas condições, sendo os mais recentes Lyndon Johnson, após o assassinato de Kennedy, e Gerald Ford, após a saída de Nixon devido ao escândalo Watergate.

John Adams, o primeiro vice-Presidente da história dos Estados Unidos, queixou-se amargamente do seu destino numa carta à sua esposa, Abigail, em 1793.

"O meu país, na sua grande sabedoria, projetou para mim a posição mais insignificante alguma vez imaginada pelo Homem", escreveu Adams.

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