Em conferência de imprensa em Bruxelas, a porta-voz do executivo comunitário, Anitta Hipper, respondeu que a Comissão "está em contacto com as autoridades húngaras" para determinar "o alcance" das alterações às regras de concessão de vistos, que, entre outros, facilita a atribuição de vistos a cidadãos da Bielorrússia e da Rússia.
A porta-voz acrescentou que a Rússia "é uma ameaça à segurança da UE" e recordou que todos os países do bloco comunitário têm o dever de assegurar que não são permeáveis a ações que coloquem em causa a segurança dos 27.
A preocupação da Comissão Europeia prende-se com a possibilidade de aumentar a espionagem russa e bielorrussa, esta última de um país que é reconhecido como um aliado de Moscovo.
As relações entre a UE e a Rússia deterioraram-se gravemente desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, que desencadeou não só o maior êxodo de pessoas de um país na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, como também reiniciou a corrida às armas, depois de décadas de desinvestimento generalizado.
Mas a Hungria, particularmente o seu primeiro-ministro, o ultranacionalista Viktor Orbán, traçou sempre um caminho em sentido contrário.
O que começaram por ser críticas à maneira como a UE estava a gerir o conflito no território ucraniano, converteu-se em críticas ao próprio apoio prestado pelos 27 à Ucrânia e a bloqueios a esse apoio, em contraciclo com os restantes 26 países do bloco europeu.
Em simultâneo, Orbán foi até hoje o único líder de um Estado-membro da UE a reatar relações com Moscovo e já se encontrou várias vezes com o Presidente russo, Vladimir Putin.
As críticas expressas de forma regular pelos restantes Estados-membros do bloco acentuaram-se recentemente quando o primeiro-ministro húngaro visitou Moscovo, no início de julho, logo após o início da presidência húngara do Conselho da UE, que vai durar até 31 de dezembro.
Apesar de Orbán não ser representante das instituições europeias, o encontro com Vladimir Putin no arranque da presidência rotativa foi interpretado como um sinal político e aumentou o receio de que Moscovo tenha um aliado dentro da UE.
Do encontro com Putin, mas também com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com o chefe de Estado chinês, Xi Jinping, saiu uma proposta de um plano para um cessar do conflito na Ucrânia, que inclui reatar os canais diplomáticos com Moscovo.
O plano para a paz de Orbán, como ficou conhecido o documento, foi rejeitado pelos outros 26 Estados-membros, que concordam com o plano de Zelensky e que engloba a libertação de todos territórios ocupados pela Rússia, incluindo a península da Crimeia que foi anexada em 2014.
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