Centenas de vendedores protestam à porta dos escritórios do grupo Temu

Centenas de vendedores da plataforma chinesa de comércio eletrónico Temu protestaram hoje em frente à empresa em Cantão, no sudeste da China, contra o que consideram ser a aplicação injusta de multas por problemas pós-venda.

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Lusa
01/08/2024 07:25 ‧ 01/08/2024 por Lusa

Mundo

Temu

Vídeos publicados nas redes sociais chinesas e por órgãos de comunicação locais mostravam alguns dos manifestantes chegaram a entrar nos escritórios da Temu e só saíram depois da intervenção da polícia.

 

O jornal privado Caixin referiu que o primeiro protesto ocorreu a 22 de julho e que esta segunda-feira ocorreu nova manifestação com maior afluência de pessoas, estimando-se que o número de manifestantes se situe entre 700 e 800.

A Temu, plataforma internacional da empresa de comércio eletrónico local Pinduoduo, expandiu rapidamente a presença para 75 países, após o lançamento em setembro de 2022, e compete com rivais chineses como a Shein, a TikTok Shop e o AliExpress, o braço internacional da Alibaba, tornando-se conhecida por oferecer produtos a preços muito baixos.

No entanto, os vendedores chineses acusaram a empresa de estabelecer condições muito rigorosas, incluindo as multas acima mencionadas no caso de os clientes se queixarem ou pedirem um reembolso.

A Caixin citou um dos manifestantes, um retalhista de vestuário, que afirmou que as multas da Temu e os fundos reservados para os litígios pós-venda ascendem a cerca de 35% das suas vendas totais: "A margem de lucro bruta que a Temu nos dá com os seus preços é entre 10% e 20%, por isso, depois das multas, 'sangramos'".

Outro comerciante, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, afirmou que a Temu o multou em três milhões de yuans (383.111 euros), no ano passado, retirando-lhe quase todos os lucros.

Um vendedor de telemóveis na cidade de Shenzhen, no sudeste do país, afirmou ter perdido cerca de 80.000 dólares (73.900 euros) para a Temu devido às multas e também à política da empresa de deixar os clientes ficarem com os produtos quando há um litígio, em vez de os devolverem, afirmando que a empresa impõe penalizações até cinco vezes o preço cobrado.

"Os comerciantes recusaram-se a resolver os litígios através das vias legais e de mediação previstas nos contratos. A situação é estável e a empresa está a trabalhar ativamente com os comerciantes para encontrar uma solução", declarou a empresa, num comunicado citado pelo jornal de Hong Kong.

No entanto, há comerciantes que colocaram o caso nas mãos de advogados para protestar através do regulador do mercado, de acordo com a Caixin.

A Temu está a ser alvo de escrutínio por parte das autoridades da UE e dos Estados Unidos, que estão a ponderar impor taxas alfandegárias a estas plataformas chinesas que vendem a preços baixos.

A plataforma de comércio eletrónico registou vendas de 20 mil milhões de dólares (18 milhões de euros) no primeiro semestre do ano, ultrapassando os 18 mil milhões no ano passado, noticiou a imprensa local.  

Leia Também: Bruxelas pede informação a plataformas Shein e Temu

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