Multidão segue cerimónias fúnebres de Haniyeh em Teerão. Eis as imagens

Uma multidão em luto assistiu hoje, em Teerão, às cerimónias fúnebres do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, morto na capital iraniana num ataque atribuído a Israel, numa cerimónia marcada por apelos à vingança da sua morte.

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Lusa
01/08/2024 13:43 ‧ 01/08/2024 por Lusa

Mundo

Ismail Haniyeh

Na Universidade de Teerão, o líder supremo do Irão, o 'ayatollah' Ali Khamenei, recitou a oração pelos mortos em frente aos caixões de Ismail Haniyeh e do seu guarda-costas, cobertos com a bandeira palestiniana.

 

O corpo do líder político do grupo islamita palestiniano, atualmente envolvido num conflito com Israel na Faixa de Gaza, será posteriormente transportado para Doha, Qatar, onde será sepultado na sexta-feira, na presença de representantes das fações palestinianas, bem como de dirigentes árabes e muçulmanos, segundo informou o Hamas.

Nos últimos anos, Haniyeh estava a dirigir a estrutura política do Hamas a partir do exílio no Qatar.

Transportando retratos de Haniyeh, milhares de pessoas assistiram hoje à cerimónia fúnebre na capital iraniana, bem como altos funcionários, incluindo o Presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, e o chefe dos Guardas da Revolução, o exército ideológico do país, Hossein Salami.

Os caixões foram transportados num camião decorado com flores pelas ruas de Teerão, onde um pulverizador de água instalado no veículo refrescou a multidão reunida sob um calor intenso.

Na madrugada de quarta-feira, Ismail Haniyeh, 61 anos, foi morto numa das residências especiais para veteranos de guerra no norte de Teerão, depois de ter assistido à cerimónia de tomada de posse de Pezeshkian. Foi morto por um "projétil aéreo", segundo os meios de comunicação social locais.

O Irão e o Hamas culparam Israel, seu inimigo declarado, e prometeram vingar a sua morte, que ocorreu algumas horas depois da do comandante do movimento xiita libanês Hezbollah, Fouad Shukr, num ataque reivindicado por Israel na terça-feira à noite nos subúrbios do sul de Beirute.

A morte de Haniyeh ocorre quase três semanas depois (a 13 de julho) de Israel ter efetuado um ataque aéreo contra o chefe do braço armado do Hamas, Mohammed Deif, na Faixa de Gaza, com o exército israelita a afirmar hoje, após "análise dos serviços secretos", que este tinha sido morto durante a operação.

Segundo o exército, Deif "dirigiu, planeou e executou" o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel a 07 de outubro de 2023, que desencadeou uma guerra devastadora no pequeno enclave palestiniano. Após o ataque, o Hamas afirmou que Deif estava vivo.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel desferiu nos últimos dias "duros golpes" nos seus "inimigos", mencionando explicitamente a eliminação de Fouad Shukr, mas sem comentar o ataque de Teerão.

Imediatamente após o ataque em Teerão, o líder supremo do Irão ameaçou Israel com um "castigo severo".

"É nosso dever vingar o sangue (de Haniyeh) derramado em território iraniano", afirmou Ali Khamenei.

"Cumpriremos certamente a ordem do líder supremo (...) no lugar certo e na hora certa", disse o presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, durante a cerimónia de hoje.

Khalil al-Hayya - membro do braço político do Hamas para Gaza e que tem estado envolvido nas negociações de um potencial cessar-fogo - também esteve presente em Teerão, afirmando que os palestinianos "perseguirão Israel até que este seja desarraigado da terra da Palestina".

De acordo com o jornal The New York Times, que cita três funcionários iranianos não identificados, numa reunião de emergência do Conselho Supremo de Segurança Nacional, que decorreu na manhã de quarta-feira, Khamenei ordenou um ataque direto a Israel em resposta ao assassinato de Haniyeh.

A 13 de abril, o Irão lançou um ataque sem precedentes com 'drones' e mísseis em território israelita, em retaliação a um ataque contra o consulado iraniano em Damasco, em 01 de abril, atribuído a Israel.

A maioria dos mísseis iranianos foi intercetada com a ajuda dos Estados Unidos e de outros países.

Perante o receio de uma conflagração regional alimentada por um ciclo de violência entre o exército israelita e os aliados do Irão no Líbano, Iémen e Síria, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, apelou a "todas as partes" para uma diminuição das tensões.

"O Médio Oriente está num caminho de escalada de conflitos. (...) É essencial quebrar este ciclo e isso começa com um cessar-fogo em Gaza", afirmou.

Mas a esperança de uma trégua associada à libertação dos reféns israelitas ainda mantidos em cativeiro pelo Hamas em Gaza permanece remota, uma vez que Israel prometeu destruir o grupo islamita palestiniano após o ataque de outubro em solo israelita, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis.

Das 251 pessoas raptadas na altura, 111 continuam detidas em Gaza, 39 das quais mortas, segundo o exército israelita.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza que já provocou mais de 39.400 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza, liderado pelo Hamas, que não deu qualquer indicação sobre o número de civis e combatentes mortos.

Hoje, os bombardeamentos israelitas prosseguiam no território palestiniano, onde o Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tomou o poder em 2007.

No Líbano, o líder do movimento islamista libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, deverá hoje discursar, após o funeral de Fouad Shukr, acusado por Israel de ser o responsável por um ataque que matou 12 crianças e adolescentes no sábado passado nos Montes Golã sírios, ocupados por Israel.

Perante o receio de uma guerra generalizada, várias companhias aéreas suspenderam os voos para Beirute e vários países aconselharam os seus cidadãos a evitar o Líbano.

Leia Também: Uma multidão em luto. Começa funeral do líder do Hamas em Teerão

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