Os Jogos Olímpicos sempre foram "uma paixão" para Omaira Gill e para a sua família, mas esta mulher nunca pensou que pudessem virar a sua vida do avesso... ao ganhar o ouro no que diz respeito ao amor.

"Lembro-me de ver os Jogos com os meus pais e pensar: 'Um dia vou ver ao vivo'. Adoraria ir", contou à CNN Internacional.

Apesar de não ser propriamente uma fã de desporto, a reviravolta deu-se quando, em 2002, soube que os Jogos Olímpicos iam ser na Grécia dois anos depois. "Atenas é o mais perto que vai ser na minha vida", pensou na altura, quando vivia em Londres, no Reino Unido.

Desta forma, começou a pesquisar de que forma poderia ir, e como estudante de jornalismo na altura, com 22 anos, inscreveu-se para o voluntariado nesta área. Não foi selecionada aqui, mas 'ficou' na parte onde decorriam os eventos de tiro, para onde aceitou ir sem sequer hesitar.

Segundo conta a imprensa norte-americana, desde que a mulher aterrou na capital grega tudo se tornou maravilhoso - desde ter sido convidada a ver o ensaio final até chegar ao sítio onde ia ser voluntária. "No meu primeiro dia de voluntariado cheguei atrasada. O centro de tiro era muito longe. Apanhei o comboio e mais tarde descobri que o autocarro era muito mais rápido", recordou, referindo que pediu desculpas, mas que o responsável do local não a deixou bem terminar o pedido de desculpas. "Estas coisas acontecem", respondeu.

O mesmo responsável sugeriu que os voluntários se encontrassem essa noite no centro de Atenas para se divertirem e conhecerem, o que acabou por acontecer, e onde estavam "mais descontraídos". O responsável que a tinha recebido acabou por ser o último a chegar, e Omaira reparou, num segundo olhar, que ele era bem bonito, "amoroso até".

Foi aí que soube o nome do homem com quem um dia ia partilhar mais do que os 'atrasos' do primeiro dia de Jogos Olímpicos: Dimitris Athanasiou, na casa dos trinta anos.

Omaira confessa que não pensou logo em algo sério, até porque "era jovem" e o verão "estava aí" e ela só queria aproveitar a sua experiência. Os dois acabaram por ficar sentados em lados opostos da mesa, mas se é verdade que os opostos se atraem... Dimitris acabou por fazer-lhe um sinal do outro lado e disse-lhe: "Vem para aqui". Juntaram-se e acabaram por perceber que a conversa era fácil entre eles. "Lembro-me de pensar: 'É mesmo interessante falar com ele'. Eu era uma pessoa bastante protegida quando estava a crescer. Fui criada como muçulmana, a minha família é moderna, mas ainda é bastante conservadora em relação a coisas como encontros e coisas do género. Por isso, não falava muito com rapazes. Mas achei o Dimitris muito interessante para conversar", apontou.

A experiência nos Jogos Olímpicois começou mais 'à séria', e Omaira trabalhava a verificar bilhetes antes de ir ver as competições - mas também não deixava de pensar em Dimitris "e naqueles dois minutos em que ele aparecia para a mudança de turno". Na altura ficava ansiosa pela sua chegada, e verifica o relógio mais do que 'o normal', e quando ele chegava, pensava: "Ok, tenta agir de forma normal".

Hoje, a mulher explica que não sabe bem "como se deu o 'click', dado que os dois estavam sempre muito ocupados e as conversas eram muito curtas".

O 'pedido' de casamento

Ao contrário de Omaira, Dimitris via nos Jogos uma "boa oportunidade de emprego", já que estes tinha aterrado na cidade onde vivia. "Foi emocionante saber que os jogos eram em Atenas", diz Dimitris à CNN. "O público estava um pouco dividido quanto ao custo da organização dos Jogos e, como sabemos, estes acabaram por ser um fator importante para o endividamento do país. Mas na altura do arranque, as pessoas estavam entusiasmadas. Parecia uma oportunidade para apresentar a Grécia moderna ao mundo", apontou.

Trabalhar nos Jogos trouxe "muito entusiasmo", mas tal como Omaira os sentimentos pareciam não ter tempo para serem aproveitados. Foi na última noite que o agora casal falou sobre a chama - não a olímpica - que os unia. Entre conversas, Dimitris perguntou a Omaira se esta casaria com ele, ao que ela disse que sim.

"Nessa noite, quando nos estávamos a separar, não parava de pensar: 'Devia dizer-lhe qualquer coisa. Gosto mesmo deste rapaz. Devia dizer alguma coisa porque me vou embora no dia seguinte e não tenho literalmente nada a perder neste momento. Se ele disser que não, nunca mais o vou ver", recordou.

Ela não lhe disse nada e foi de volta para o Reino Unido, mas Dimitris pensou: "Poderia mesmo casar com ela".

E depois?

Omaira conta que quando chegou a casa a mãe notou um 'brilho especial' e disse-lhe que ela tinha conhecido alguém. "Estás certa. Tenho de voltar a Atenas e perceber o que ele sente por mim", respondeu-lhe.

E assim foi. Os dois voltaram ao contacto através do MSN Messenger, e as conversas começaram a ser mais frequentes. Meses depois, surgiram as visitas. Ela à Grécia e ele ao Reino Unido. "Falávamos todos os dias ao telefone, sentia uma grande ligação com ela", explicou Dimitris.

A relação à distância começou a partir daí, e acabaram por ficar assim até 2006, Quando Omaira terminou a sua licenciatura em jornalismo e começou a trabalhar no banco. Não tendo o seu emprego de sonho, Omaira acabou por se mudar para a Grécia, onde trabalhava remotamente. Em 2009, casaram.

"Casámos no gabinete do presidente da câmara com muitos amigos e familiares. E depois, à noite, fizemos uma festa na praia com os nossos amigos mais próximos e queridos - menos de 50 pessoas. A festa na praia foi muito gira, super informal", lembra Omaira.

Hoje em dia têm três filhos e ainda hoje Omaira fica "muito sentimental" na altura dos Jogos Olímpicos. "Foi onde nos conhecemos", recorda, 20 anos depois. Dimitris concorda, dizendo que os Jogos "têm um lugar especial no seu coração" já que são o motivo pelo qual ele "tem uma família hoje".

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