"Reiteramos o nosso apelo ao respeito pela soberania do povo expressada através do voto no passado 28 de julho. Não reconhecer a vontade do povo é ilegal e eticamente inaceitável", refere em comunicado o CEV, que também rejeita a utilização de militares e civis armados para dissuadir protestos.
"A Igreja apela veementemente a que a defesa da dignidade humana esteja no centro do compromisso, pelo bem comum e de ordenação jurídica. Rejeitamos, por ser contrário aos direitos humanos, o uso da violência em manifestações públicas, a presença e a atuação de civis armados ao lado das forças policiais, como mecanismo para dissuadir o protesto pacífico dos cidadãos", adianta.
A CEV criticou ainda "as restrições à liberdade de expressão e de mobilização, as detenções ou rusgas arbitrárias, as detenções de pessoas, muitas delas menores [de idade], sem o devido processo, o uso da desqualificação, a intimidação da população e a denúncia como métodos para enfrentar as diferenças de opinião política".
"Todos os órgãos do Estado estão chamados a cumprir e a fazer cumprir a Constituição e as leis da República", sublinha.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
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