O advogado de Puigdemont, Gonzalo Boye, declarou que o antigo presidente catalão, que regressou a Espanha na quinta-feira e desapareceu depois de ter proferido um discurso no Arco do Triunfo, está "fora do Estado".
O advogado afirmou-o numa entrevista à RAC1, na qual acrescentou que se dirigirá em breve ao público.
O advogado do antigo presidente da Generalitat garantiu, na noite de quinta-feira, que o seu cliente "regressou a casa, onde tem o seu local de trabalho", embora sem especificar se se refere à casa onde este vive há quase 7 anos na Bélgica.
Segundo o mesmo, "tudo correu" como planeado durante a visita de Puigdemont, na quinta-feira, a Barcelona (nordeste de Espanha).
"Ele não veio render-se, veio para lutar", disse Boye, aludindo à participação do ex-presidente da Generalitat num evento em Barcelona, após o qual fugiu apesar da forte presença policial.
Puigdemont, que quinta-feira fez um discurso de cerca de cinco minutos diante de cerca de 3.500 pessoas no Paseo Lluís Companys, em Barcelona, a poucos metros do Parlamento, onde seria realizada sessão de investidura do socialista Salvador Illa como presidente do Governo Regional, planeia dirigir-se novamente aos seus seguidores entre hoje e sábado, disse Boye.
Segundo Boie, "tudo correu como Puigdemont tinha planeado anteriormente", já que "ele não tencionava ser preso".
O advogado de Puigdemont afirmou que o ex-presidente "sempre esteve à disposição da justiça", mas que "está a ser perseguido por factos que são amnistiados por uma lei que um juiz não quer aplicar".
Neste sentido, sustentou que o ex-presidente catalão é "livre" e manifestou a opinião de que a amnistia acabará por ser aplicada a Puigdemont "mais cedo ou mais tarde".
Puigdemont, antigo presidente do Governo Regional da Catalunha e protagonista da declaração unilateral de independência da região de 2017, vive no estrangeiro desde então, para fugir à justiça espanhola, e continua a ser alvo de um mandado de detenção em território nacional.
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira, convocada para investir o socialista Salvador Illa presidente do Governo Regional, mas o plenário decorreu sem a sua presença.
A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.
Os Mossos d'Esquadra acionaram depois a "operação Jaula", um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.
A polícia da Catalunha garantiu, num comunicado, que tentou deter o dirigente independentista nas ruas de Barcelona mas não conseguiu porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades.
Face às críticas de que está a ser alvo, a polícia catalã nega também qualquer "acordo ou conversação prévios" com Puigdemont.
A força de segurança assegura que ativou um dispositivo considerado proporcional para evitar desordens públicas, atendendo ao anunciado regresso de Puigdemont a Espanha, mas também, em simultâneo, para garantir a segurança e a normalidade da sessão de investidura do novo presidente do Governo Regional no parlamento autonómico.
[Notícia atualizada às 11h00]
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