Perdeu mais de cinco quilómetros de altitude em menos de dois minutos e provocou a morte a 62 pessoas. Um avião, com 57 passageiros e quatro tripulantes a bordo, caiu, na sexta-feira, num condomínio residencial depois de ter saído de Cascavel, no estado do Paraná, com destino a Guarulhos, em São Paulo, no Brasil. Ninguém sobreviveu ao acidente.

Inicialmente o número de mortos estava em 61 pessoas, tendo sido entretanto atualizado para 62. Em causa está o nome de um passageiro que não estava na lista não estava na lista por uma "questão técnica identificada pela companhia referente às validações de check-in".

Entre as vítimas mortais está uma mulher de nacionalidade portuguesa. Inicialmente o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, tinha confirmado ao Notícias ao Minuto que não havia "portugueses entre as vítimas do acidente aéreo no Brasil". No entanto, este sábado o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que uma mulher portuguesa perdeu a vida no acidente aéreo. 

Foi revelado tratar-se de Gracinda Marina Castelo da Silva, de 47 anos. A professora universitária, com dupla nacionalidade, residia no Brasil há já vários anos, era casada e tinha três filhos.

A aeronave era do modelo ATR-72-500 e, segundo o G1 trata-se de um tipo de avião muito popular nas rotas regionais. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do Brasil, trata-se de um turboélice, com uma capacidade total de 74 assentos.

Pouco depois do acidente, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reagiu de imediato, pedido um minuto de silêncio pelas vítimas.

"Tenho de ser portador de uma noticia muito ruim. Eu queria que todos se colocassem de pé, para a gente fazer um minuto de silêncio porque acaba de cair um avião, na cidade de Vinhedo, em São Paulo, com 58 passageiros e 4 tripulantes, e parece que todos morreram", disse Lula da Silva, durante um evento em Santa Catarina. Horas mais tarde, Lula da Silva declarou três dias de luto para homenagear as vítimas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já contactou a família de Gracinda Castelo da Silva para dar conta das suas condolências, tendo anteriormente já demonstrado a sua solidariedade com o homólogo brasileiro a quem enviou "uma mensagem de pêsames".

Mas, como foi a queda?

O avião descolou às 11h46 e atingiu os 5 mil metros de altitude às 12h23 e terá seguido na mesma altitude até às 13h21. Acabou por fazer uma curva brusca e às 13h22, um minuto depois do último registo, caiu para uma altitude de 1.250 metros. Os dados indicam que a velocidade de queda foi de 440 km/h.

Uma testemunha, Andreia Miranda, de 46 anos, revelou ao jornal Globo que ouviu um "barulhão". "Deu um rasante num galpão que temos e caiu, a uns três quarteirões daqui. Só vi a fumaça. A área está toda isolada", revelou a mulher.

Quais as causas para o acidente?

Ainda não são conhecidas, no entanto, a queda em espiral pode indicar que o acidente ocorreu devido a um estol - fenómeno que acontece quando um avião perde a sustentação que lhe permite voar. Pode acontecer, por exemplo, quando se forma uma camada de gelo nas asas da aeronave. 

Contudo, os especialistas admitem que não existe um único fator que cause um acidente deste género e referem que é precipitado tirar conclusões.

Como estava o tempo?

Os meteorologistas indicaram que a zona onde o avião caiu tinha "áreas de instabilidade" e 35% de formação de gelo. De acordo com o Climatempo, citado pelo G1, no momento da queda da aeronave estava "vento forte". 

"Estimativas de modelos meteorológicos indicam temperaturas entre -9°C a -11°C na região de Vinhedo por volta das 13h00 (hora local)", referiram.

Cerca de 10 pessoas perderam o voo

Há registo de 10 passageiros que não chegaram a embarcar. Um homem contou que chegou a discutir com um funcionário para que pudesse embarcar, contudo, o pedido foi-lhe negado. Tinha confundido as companhias, pensava que ia voar na Latam, mas o avião pertencia à Voepass. 

"Discuti com ele [funcionário], ele salvou minha vida. Fez o trabalho dele", disse o homem.

Outro passageiro garantiu que foi impedido de entrar na aeronave, porque as portas de embarque já tinham sido fechadas. "Me disseram: 'Rapaz, você não entra nesse avião, porque já passou do limite do embarque'. Eu botei até uma pressãozinha: 'Moço, me coloca nesse avião, eu tenho que ir', aí ele falou: 'Não tem como, o que eu posso fazer é remarcar sua passagem'", lembrou.

[Notícia atualizada às 14h30]

Leia Também: "Discuti com funcionário. Ele salvou-me". Perdeu avião que caiu no Brasil