"Como filho, estou chocado e profundamente preocupado. As piores previsões estão a concretizar-se: o meu pai Williams Dávila, 73 anos, que foi sequestrado na quinta-feira passada por defender os valores democráticos, foi internado no hospital ontem [terça-feira] à noite em estado grave", escreveu William Alejandro Dávila Valeri na sua conta na rede social X, antigo Twitter.
Na mesma rede social, o lusodescendente explica que isto confirma o que tinha vindo a alertar sobre a importância dos seus cuidados de saúde.
"É inconcebível que, neste país, sejamos mantidos na escuridão, sem informações claras sobre a sua situação. Exijo respostas imediatas e responsabilizo o Governo [do Presidente, Nicolás Maduro] por esta violação dos direitos humanos. Não é possível que continuemos a viver sob um regime que permite tais atrocidades", explica.
¡Alerta al país y a la comunidad internacional!
— Williams Dávila (@williamsdavila) August 14, 2024
Williams ingresó anoche a un hospital en estado de gravedad. Su familiares y staff de trabajo temen en este momento por su vida. Williams sigue detenido y no hay oportunidad de poder verlo, por ello, se pide la mayor difusión de… pic.twitter.com/H3Hwml1vOs
O secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, "exige", através da X, que o luso-venezuelano seja libertado.
"Exigimos a libertação de Williams Dávila, detido ilegalmente pelo regime na Venezuela. A ditadura é responsável pelo seu bem-estar e a sua saúde. Não mais presos políticos", afirma na mensagem.
Em 09 de agosto, o Governo português exigiu às autoridades venezuelanas "a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios, político da oposição e ex-governador do Estado de Merida, com nacionalidade portuguesa".
Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que "Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE".
No texto, Paulo Rangel sublinhava que Dávila Barrios tinha sido detido "de modo arbitrário e com saúde precária".
A 09 de agosto, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse à Lusa que dois luso-venezuelanos se encontravam detidos na Venezuela devido à sua participação em manifestações contra Nicolás Maduro, estando o Governo português a acompanhar o caso.
Trata-se de um homem e uma mulher detidos quando participavam em atos que "o regime considera ilegais", afirmou José Cesário.
Entretanto, fonte familiar disse à Lusa que foi detido um outro lusodescendente, um jovem que se encontra numa dependência policial na localidade de Puerto Cabello, estado de Carabobo (centro-norte do país), depois de ter sido detido pela polícia durante uma manifestação pacífica de contestação aos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, vive uma crise eleitoral após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter atribuído a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 25 mortos e 192 feridos.
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