Ucrânia aprova interdição de igreja ortodoxa com ligações à Rússia
O parlamento ucraniano adotou hoje um projeto de lei que prevê a proibição da Igreja Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscovo, considerada sob influência do Kremlin (presidência russa).
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Mundo Guerra na Ucrânia
Em reação, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, denunciou a decisão do parlamento ucraniano como uma estratégia que visa "destruir a ortodoxia canónica e verdadeira e trazer para o seu lugar uma substituta, uma falsa Igreja".
Em Kiev, vários deputados saudaram a iniciativa legislativa.
"Decisão histórica! O parlamento aprovou um projeto de lei que proíbe um setor do país agressor na Ucrânia", escreveu a deputada Iryna Gerashchenko, na rede social Telegram.
A Igreja visada por esta decisão foi em tempos a mais popular na Ucrânia, um país com uma grande maioria ortodoxa, mas que perdeu muitos seguidores nos últimos anos, à medida que o sentimento nacional ucraniano ganhou popularidade face à antiga potência, a Rússia.
Este processo acelerou-se com a criação, em 2018, de uma Igreja Ortodoxa ucraniana independente de Moscovo, e, ainda mais, após o início, em fevereiro de 2022, da invasão russa da Ucrânia, abertamente apoiada pelo Patriarcado de Moscovo.
Segundo o deputado Yaroslav Zhelezniak, a nova lei - que ainda precisa de ser promulgada pelo Presidente Volodymyr Zelensky antes de entrar em vigor - dá nove meses às paróquias da Igreja em causa para "cortar os seus laços com a Igreja Ortodoxa russa".
De acordo com os relatos dos meios de comunicação social ucranianos, esta Igreja com ligações à Rússia ainda tem cerca de 9.000 paróquias na Ucrânia, em comparação com 8.000 a 9.000 paróquias da sua rival independente.
Segundo os especialistas ucranianos, a supressão de paróquias ligadas a Moscovo pode, por isso, demorar meses, até anos, porque a proibição de cada uma delas terá de ser aprovada por um tribunal.
A Igreja Ortodoxa alvo desta proibição anunciou em maio de 2022 que estava a cortar todos os laços com o Patriarcado de Moscovo e acusou as autoridades ucranianas de perseguição.
Contudo, o Governo ucraniano acredita que a igreja continua dependente da Rússia e vários dos seus dignitários estão a ser alvo de investigações criminais.
Segundo uma sondagem realizada em 2023 pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, 66% dos ucranianos eram a favor da proibição da Igreja ligada a Moscovo.
Além disso, 54% dos ucranianos identificaram-se com a Igreja independente e apenas 4% com aquela que responde perante o Patriarcado russo, de acordo com um estudo de opinião realizado pela mesma organização em 2022, em comparação, respetivamente, com 42% e 18% no ano anterior.
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