De acordo com a informação ministerial, 27.278 famílias - o que representa cerca de 110.278 pessoas - foram afetadas pelas chuvas torrenciais sazonais em 47 localidades de dez estados.
As autoridades sanitárias também comunicaram uma subida para 556 dos casos de cólera, registando-se um número crescente de pessoas com cegueira noturna, malária e inflamação ocular, à medida que aumentam os receios de um colapso do sistema médico, depois de 80% das instalações de saúde terem ficado fora de serviço.
Por isso, as agências humanitárias temem que o alagamento aumente o risco de surtos destas doenças infecciosas, face à escassez premente de vacinas e de acesso às zonas afetadas devido ao conflito em curso entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O departamento de saúde também alertou para o facto de as fortes chuvas terem destruído casas e outras infraestruturas civis, tais como pontes vitais para permitir o acesso da ajuda, e cortado as estradas de abastecimento a alguns estados.
O Observatório Africano da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) prevê precipitações acima do normal até setembro em todo o Sudão.
Por isso, o IGAD alertou que o risco de inundações está acima do nível devastador de 2020, quando pelo menos 138 pessoas morreram em inundações, mais de 900.000 pessoas foram afetadas e 2,2 milhões de hectares de culturas foram danificados, de acordo com dados das Nações Unidas.
O país africano sofre todos os anos com a estação das chuvas, que se prolonga por quase quatro meses a partir de julho num país, que enfrenta, desde de abril de 2023, uma guerra civil.
O conflito sudanês já causou entre 30 mil e 150 mil mortos, segundo diferentes estimativas, e é uma das maiores crises de deslocados do planeta.
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