"Algumas pessoas estão a falar em utilizar a zona tampão como uma carta para jogar no diálogo. Que tipo de diálogo? Eu digo-vos quem diz isso, é [Vladimir] Putin", afirmou, referindo-se ao Presidente russo, numa conferência de imprensa em Kiev.
Acompanhado pelo seu homólogo polaco, Andrzej Duda, e pela primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, o líder ucraniano garantiu que não se joga às cartas e que é referido aos aliados avanços diplomáticos "para uma paz justa e para o fim da guerra. E todos foram convidados para a plataforma da Fórmula da Paz", disse Zelenski.
Da "complicada" operação em Kursk, vários objetivos não podem ser revelados publicamente para não comprometer o seu sucesso, afirmou ainda Zelensky, referindo que a operação está a evoluir "de forma muito positiva".
"Em primeiro lugar, o fundo de troca (de prisioneiros) é algo de que se pode falar publicamente. Foi coberto, o que é positivo. Em segundo lugar está a suspensão das operações russas no norte, um ataque preventivo, e a nossa operação cumpriu essa tarefa", enumerou.
Outro objetivo é mostrar ao mundo "a realidade" sobre quem é Putin, que "não pensa em como proteger o seu povo", mas em expandir o seu controlo sobre os territórios ucranianos.
Presente em Kiev para participar nas celebrações do Dia da Independência da Ucrânia, o chefe de Estado polaco sublinhou, no seu discurso que, sem uma Ucrânia soberana, é difícil imaginar que outros países da região possam estar seguros.
"Não há necessidade de esconder o facto de que a história polaca ucraniana também contém páginas dolorosas. Não as relativizamos, não as apagamos, não as esquecemos. Queremos construir um futuro baseado na verdade e na reconciliação sincera", afirmou.
Duda manifestou-se ainda a favor de uma decisão da NATO que permita aos seus membros abater projéteis russos em território ucraniano, recordando que, em pelo menos duas ocasiões, mísseis russos transpuseram o espaço aéreo polaco.
Também a primeira-ministra da Lituânia indicou o desejo de os aliados discutirem ideias "mais corajosas" e não impusessem limitações a si mesmos.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, sob o argumento de estar a proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
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