Desistência de Kennedy Jr. tem efeito pouco expressivo nas sondagens
A desistência de Robert F. Kennedy Jr. da corrida presidencial dos Estados Unidos, a favor de Donald Trump, deverá ter apenas um efeito marginal nas sondagens, de acordo com o modelo agregador FiveThirtyEight.
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"O efeito direto da desistência de Kennedy, de acordo com as principais pesquisas, é mais ou menos o mesmo que o valor que as sondagens tendem a flutuar com base nas notícias ou eventos de campanha quotidianos", indicaram dois especialistas da plataforma numa análise de múltiplas combinações após o anúncio, a 23 de agosto.
A análise sugere que "o apoio de Kennedy a Trump terá um impacto mínimo na corrida". O candidato independente estava a conseguir cerca de 5% de intenções de voto nas sondagens no último mês, indo buscar apoiantes tanto aos democratas como aos republicanos.
"O seu apoio a Trump pode ajudar marginalmente o republicano entre eleitores brancos, homens e mais velhos. Mas o efeito da sua saída no apoio total aos candidatos vai ser pequeno", referiu a análise.
O agregado de sondagens nacionais dá a vantagem a Kamala Harris, com 47,1% das intenções de voto. Donald Trump surge com 43,7%, menos 3,4 pontos percentuais que a democrata.
"Não é uma surpresa que ele tenha desistido", disse à Lusa o cientista político Thomas Holyoke. "Estavam a perder apoio", acrescentou o professor na Universidade Estadual da Califórnia em Fresno.
Kennedy Jr. apareceu como alternativa a Donald Trump e a Joe Biden e posicionou-se como um possível obstáculo para ambos. Mas a saída de Biden e a nomeação de Harris mudou o jogo.
"Não sei quantos apoiantes ele tinha que poderão votar em Trump ou até em Harris", frisou o professor. "Isto pode ser uma mão cheia de nada ou um jóquer", acrescentou.
"Os eleitores que estavam a olhar para RFK Jr. porque não queriam Trump ou Biden podem não ser movidos pelo seu apoio a Trump", disse Holyoke.
Kennedy Jr. suspendeu a campanha na sexta-feira, 23 de agosto, na manhã seguinte ao encerramento da convenção nacional democrata.
De acordo com a cientista política Daniela Melo, o momento foi escolhido para maximizar o efeito mediático e "ficar na mó de cima" no ciclo noticioso do fim de semana.
A família Kennedy, herdeira de um longo legado político democrata, mostrou-se indignada com o apoio de Kennedy Jr. a Trump.
"A decisão do nosso irmão Bobby de apoiar Trump é uma traição dos valores mais queridos do nosso pai e da nossa família", lê-se num comunicado. "É um fim triste de uma história triste", escreveram Kathleen Kennedy Townsend, Courtney Kennedy, Kerry Kennedy, Chris Kennedy e Rory Kennedy.
De acordo com uma análise do Pew Research Center, o apoio que Kennedy Jr. tinha no início de julho, altura em que chegou a ter 15% das intenções de voto, desvaneceu-se nos últimos dois meses.
Em agosto, apenas 7% dos eleitores indicaram preferência pelo independente, sendo que muitos eleitores que antes estavam com Kennedy Jr. optaram por Kamala Harris quando ela entrou na corrida.
A análise do Pew Research Center mostra que 61% dos apoiantes de Kennedy optaram por outro candidato. Destes, 39% escolheram Harris e 20% Trump.
De acordo com os dados da Morning Consult, nos três dias seguintes à convenção nacional democrata Kamala Harris não teve um impulso nas intenções de voto (48%-44% de Trump) mas o seu nomeado a vice-presidente Tim Walz subiu em popularidade. Passou de 39% para 42% em opinião favorável, sem alteração na percentagem de eleitores com opinião desfavorável dele (36%).
As sondagens das próximas semanas deverão refletir melhor o efeito da desistência de Kennedy, sendo que as eleições presidenciais estão marcadas para 05 de novembro.
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